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1992: o ano do ápice do promissor América de Três Rios/RJ

Gabriel de Oliveira Costa 26 de junho de 2020

Ao final dos anos 80, um modesto time do interior carioca, que levava em sua identidade a inspiração no tradicional América/RJ. De Três Rios, outro América iniciava suas atividades profissionais em 1987 e, como meteoro, deixou de ser um desconhecido no Rio, para ser o grande azarão do quarteto de grandes do estado: Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Campeão da série C carioca em 1988, da série B em 1989, no ano seguinte o América de Três Rios começaria seu ar das graças.

No ano da sua estreia, um honroso 5º lugar na Taça Rio salvou o time do rebaixamento, após uma péssima Taça Guanabara. Já consolidado, em 1991 também fez bonito com o 7º lugar na elite, barrando o campeão Flamengo, em um 2 a 2 truncado. Apesar dos bons resultados, o emergente América de Três Rios viveria seu auge no ano seguinte. Contratando o já experiente e ídolo Rubro-Negro Adílio, campeão de tudo com o Fla na década anterior, chegou para liderar o modesto time treinado por Ricardo Barreto.

O time base era:

Júnior; Marcelinho, Simão, César Diniz e Vágner; Gaúcho, Evandro, Adílio e Júnior; Flávio e Leonardo.

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Cariocão 1992

Já visado pelos principais times do torneio, aquela edição foi histórica para o América de Três Rios. Vencendo o Bangu e Fluminense, também empatou com o Flamengo no Maracanã e com o Botafogo. O confronto contra o Rubro-Negro foi especial, em um reencontro de Adílio, contra seu ex-time, mas coube à Leonardo marcar os dois gols do jogo.

Naquela campanha, que acabou com um 8º lugar geral, a Taça Guanabara foi modesta para os alvirrubros, que terminaram em 8º. Já na Taça Rio, a melhor marca, na 4ª posição, somando 15 pontos, 5 vitórias e 17 gols pró. Na época, todos os clubes ficavam no mesmo grupo, e jogavam entre si em pontos corridos, e a final geral decidida entre os dois campeões (como o Vasco venceu ambos os turnos, foi campeão direto na oportunidade).

Com Adílio próximo da aposentadoria, mas ativo na campanha histórica, marcou gols contra Campo Grande e América/RJ, e a torcida celebrou o desempenho de Leonardo, artilheiro marcando 5 gols no estadual.

Somando 24 pontos gerais, o América de Três Rios ainda teve fôlego para mais uma grande campanha, motivada pelo acesso do arquirrival Entrerriense, campeão da série B.

Clássico histórico e o fim

Pela primeira vez na história do Cariocão, dois times de Três Rios fariam um duelo na elite estadual. O forte América encararia o Entrerriense no estádio Odair Gama, e apesar das expectativas a partida ficou em um 0 a 0 acirrado. Contudo, um grande erro de gestão castigou o América naquele ano. Sendo assim, por uma escalação irregular, o time perderia 10 pontos e seria rebaixado pela primeira vez desde sua chegada à elite. Por fim, caindo junto de seu arquirrival local, o ostracismo chegaria ao América de Três Rios que sofreria novos rebaixamentos em divisões inferiores até o encerramento das atividades em 2001.

Sede do América de Três Rios, localizada no Alto Purys. Foto: Wikipedia.

No entanto, uma década depois o time ainda tentou retomar o protagonismo, contou com o apoio do Prefeito Vinícius Farah e uma torcida participativa, conseguiu retornar à segunda divisão carioca, e mesmo tendo sucesso dentro de campo as dificuldades financeiras motivaram uma nova parada, desta vez em definitivo, no ano de 2014. Desde então, o time não joga mais profissionalmente, e sua última e triste temporada foi composta por um elenco juvenil e W.O. seguidas vezes, o que culminou na expulsão da liga.

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Gabriel de Oliveira Costa

Jornalista carioca, tenho 22 anos. Apaixonado por futebol, fator principal pelo qual sou motivado para trabalhar com  a comunicação social, desde março realizo trabalhos direcionados ao conteúdo esportivo. Há dois anos trabalho com pautas de economia e política.

Como citar

COSTA, Gabriel de Oliveira. 1992: o ano do ápice do promissor América de Três Rios/RJ. Ludopédio, São Paulo, v. 132, n. 62, 2020.
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