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Afinal, há luz no fim do túnel?

Gabriel Bernardo Monteiro 29 de junho de 2021

A temporada corintiana está um breu, assim como estava minha criatividade nos últimos três meses e como também estava o time sob o comando do Vagner Mancini, que fez hora extra no comando da equipe por um bom tempo. Hoje, a preocupação da torcida está direcionada em saber se a temporada será ruim como esperam todos os especialistas ou se, afinal Sylvinho encontrará no elenco, jogadores capazes de darem luz a um futebol suficiente para terminar 2021 com dignidade.

O elenco atual é recheado, pena que o recheio tem um gosto bem duvidoso para quem se preocupa com nomes e fama dos jogadores, afinal um time formado por Cássio, Fagner, Gil, Jemerson e Fábio Santos; Gabriel, Camacho, Luan, Vital, Ramiro (que sairá em julho) e Jô seria um postulante a G6 a 5 anos atrás. Desses 11 jogadores mais cascudos do elenco, poucos são os que estão vivendo boas fases.

Fábio Santos
Fotos: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians.

Alguns sofrem com problemas físicos graves, por conta da idade ou de passagens por países em que o jogo tem menor exigência. Gil, Jô e Fábio Santos teriam dificuldades em acompanhar um Uno Mille lotado por elefantes em qualquer rua mais íngreme do Estado, quanto mais acompanhar o ritmo de uma partida de futebol com um nível alto de intensidade e exigência. Cássio vem de temporadas inseguras e não tem mais a sombra de Walter que foi comer o pão que o presidente diabo amassou no Cuiabá, assim como Gabriel e Luan, este último vem de boas partidas, mas sempre é visto com os 2 pés atrás. Ramiro é híbrido, inócuo, um verdadeiro placebo, mas parece encarnar a máxima “ruim com ele, pior sem ele” então tem lá sua importância funcional. Para os pessimistas, já seria o sinal de que não há luz ao fim do túnel e que a temporada da equipe está condenada.

Corintianos, calma (momentaneamente) há sim, essa luz inclusive, e pasmem, foi mostrada por Vagner Mancini em um lapso de desespero. A luz está nos jovens jogadores do elenco e em um posicionamento que facilite o jogo do Fagner, Piton e Luan e para isso acontecer uma saída em três tem que ser implementada, seja ela com três zagueiros, seja com um volante entrando e fazendo a famosa saída Lavolpiana. Raul Gustavo e João Victor, hoje, são essenciais, rápidos na cobertura e com uma boa saída de bola, tiram a necessidade de termos um grande volante construtor e diminui muito a possibilidade de sermos pegos no contra-ataque. Jemerson e Xavier poderiam ser o terceiro elemento, primeiro por questão de técnica e experiência e o segundo porque se destacou muito executando isso na base.

Essa saída em três é responsável por melhorar o futebol dos principais jogadores de frente do elenco, Luan e Mateus Vital. Luan é um jogador de aproximação e movimento, gosta de volume de jogo, mas não se adapta em grandes espaços já que não tem tanta velocidade para arrastar defesas com dribles longos. Mateus vem de um ano muito bom, finalizando muito bem de média distância e com boas decisões mesmo com o pênalti perdido na estreia do campeonato brasileiro. Araos, que merece uma sequência há algum tempo já, complementaria bem esse jogo de movimento, já que também gosta de dar dinâmica às suas ações e tem ótima transição. E Mosquito manteria a intensidade dos supracitados. Ainda tem Adson, Cantillo e Vitinho, além de outros jogadores em evolução que poderiam ajudar.

Sylvinho
Sylvinho, treinador do Corinthians. Foto: ©Rodrigo Coca/Ag. Corinthians.

A luz no fim do túnel existe, ainda está fraca e não sei se Sylvinho enxergará em algum momento, mas ela passará por potencializar quem ainda pode ser potencializado como os jovens e os jogadores talentosos que ainda tem lenha para queimar, passará por um comportamento que não foi demonstrado nas primeiras rodadas. A luz estará visível a partir do momento em que percebemos que nossa força está nos zagueiros, mas não pela capacidade de defender, mas pela capacidade de empurrar o time para frente, liberar Fagner e Piton, aproximar os jogadores de movimento e arriscar.

E, não se iludam, essa luz não nos levará a títulos, mas nos levará a um fim de ano tranquilo e uma reconstrução necessária.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Gabriel Bernardo Monteiro

Graduado em Educação Fisica pela Universidade Estadual de Campinas

Como citar

MONTEIRO, Gabriel Bernardo. Afinal, há luz no fim do túnel?. Ludopédio, São Paulo, v. 144, n. 36, 2021.
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