141.21

Antuérpia 1920 – A retomada dos Jogos Olímpicos sob os escombros da guerra

Paulinho Oliveira 11 de março de 2021
Deutsches Stadion
Vista do Deutsches Stadion, de Berlim, construído para os Jogos Olímpicos de 1916, cancelados por conta da Primeira Guerra Mundial. Foto: Wikipédia

Domingo, 8 de junho de 1913. Mais de 60 mil pessoas lotavam as arquibancadas do Deutsches Stadion, em Berlim (Alemanha), na sua cerimônia de inauguração. Naquele estádio, erguido em pouco mais de um ano, a um custo de 2,2 milhões de marcos, seriam realizadas a maior parte das disputas dos Jogos Olímpicos de Berlim 1916. A capital alemã havia sido escolhida por unanimidade como anfitriã olímpica pelo COI em maio de 1912, antes do início dos Jogos de Estocolmo. A promessa era a de que, na edição de 1916, os alemães superariam os Estados Unidos no quadro de medalhas. Tratava-se a Alemanha de uma nação poderosa, comandada com mão de ferro pelo kaiser Guilherme II, no poder desde 15 de junho de 1888. O Império Alemão crescera rapidamente no final do Século XIX, tornando-se uma nação imperialista com colônias espalhadas pelo mundo, além de economicamente próspera, sendo a maior produtora de ferro e aço do continente. Seu exército se tornara profissional a ponto de ser imitado por outras forças militares. Vencera a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), anexando ao seu território a Alsácia e a Lorena, e seu militarismo assustava a Europa.

A pomposa inauguração do Deutsches Stadion serviu para mostrar ao mundo o potencial esportivo da Alemanha. O estádio era, de fato, majestoso, e a organização da cerimônia, impecável. Teria, portanto, valido a pena cada centavo dos 2,2 milhões de marcos gastos para sua construção, e os alemães estavam, afinal, empolgados com a possibilidade de receberem os Jogos Olímpicos pela primeira vez. Porém, havia outros interesses em jogo no tabuleiro de xadrez da Europa. Mais ao sul do continente, precisamente na região dos Bálcãs, fervilhava um caldeirão de desentendimentos que estava prestes a explodir. Seus principais protagonistas eram o Império Austro-Húngaro e a Sérvia. Aquele era aliado do Império Alemão, enquanto esta, do Império Russo. Observando o desenrolar dos acontecimentos com preocupação estavam França e Grã-Bretanha, além de outros países menores, dentre os quais a Bélgica, nação com seu pequeno território espremido entre França e Alemanha, bastante próxima à Grã-Bretanha e, por isso, com todas as razões do mundo para se preocupar com o cenário sombrio que se vislumbrava.

Eis que um outro dia ensolarado de domingo selou o destino dos Jogos de Berlim 1916 e de toda a humanidade. Na manhã de 28 de junho de 1914, após trafegar em carro descoberto pelas ruas de Sarajevo, capital da província da Bósnia-Herzegovina (à época vinculada ao Império Austro-Húngaro), o arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa Sofia, duquesa de Hohenberg, foram assassinados por um radical sérvio, e o fato fez com que a Áustria-Hungria declarasse guerra à Sérvia. Exatamente um mês depois, na noite de 28 de julho de 1914, os canhões do navio austro-húngaro Bodrog lançavam seus primeiros tiros contra fortalezas sérvias nas proximidades de Belgrado, dando início à Primeira Guerra Mundial, que duraria mais de quatro anos, até a rendição das Potências Centrais comandadas pela Alemanha e o armistício de 11 de novembro de 1918. Quanto aos Jogos de Berlim, foram cancelados tão logo a guerra, que, a princípio, prometia ser rápida, avançava pelo tempo.

Wyndham Halswelle
Wyndham Halswelle, o polêmico campeão dos 400 metros em Londres 1908, lutou pela Grã-Bretanha na Primeira Guerra Mundial, morrendo em combate em 1915. Foto: Wikipédia

Durante os mais de quatro anos de conflito, cerca de 20 milhões de pessoas morreram. Dentre os mortos, 132 atletas que disputaram pelo menos uma das Olimpíadas anteriormente realizadas e foram lutar nas frentes de batalha da Primeira Guerra Mundial. O país que mais sofreu perdas olímpicas no front foi a Grã-Bretanha, com 48 mortos – entre eles, Wyndham Halswelle, o polêmico campeão olímpico dos 400 metros rasos em Londres 1908, quando tentava resgatar um companheiro ferido na Batalha de Neuve Chapelle (França) em 31 de março de 1915. A França, por sua vez, perdeu 25 atletas olímpicos, incluindo dois medalhistas de ouro: o ciclista Léon Flameng (Atenas 1896) e o nadador Charles Devendeville (Paris 1900), o primeiro campeão olímpico da história da natação francesa. Já a Alemanha, além de perder a guerra, viu perecerem 22 olímpicos, incluindo os campeões de remo em Paris 1900 Carl Gossler e Waldemar Tietgens.

Terminada a Primeira Guerra Mundial, o COI se reuniu na sua sede, em Lausanne (Suíça), em 5 de abril de 1919, com a missão de retomar o Movimento Olímpico e escolher a sede de 1920. A cidade francesa de Lyon, a princípio, pretendeu ser a anfitriã do evento, mas retirou sua candidatura. Nenhuma outra cidade se propôs a se candidatar, a não ser uma das mais devastadas pela Alemanha durante a guerra, que acabaria sendo a escolhida para sediar os Jogos de 1920 por unanimidade: Antuérpia, na Bélgica.

Os Jogos de 1920 no coração das batalhas da Bélgica

Antuérpia 1920
Cartaz oficial dos Jogos de Antuérpia 1920. Imagem: Reprodução Facebook

Antuérpia foi quase totalmente devastada pelo exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial. A cidade tentou resistir bravamente à invasão, mas foi ocupada pelos alemães em 10 de outubro de 1914, após onze dias de uma intensa batalha, uma das primeiras daquele conflito. As tropas do kaiser Guilherme II cruzaram a fronteira da Bélgica em 4 de agosto de 1914, a partir de Liège, em clara infração ao Tratado de Londres de 1839 (do qual a Alemanha também era signatária), que determinava a perpétua neutralidade da Bélgica. A invasão alemã motivou a entrada da Grã-Bretanha na guerra.

Era fundamental para os alemães conquistar Antuérpia, o mais importante porto da Europa, e a batalha pela resistência de 1914 não seria a primeira daquela cidade cortada pelo Rio Schalde. Ao longo de sua história milenar, contada pelo menos desde o ano 700, Antuérpia fora palco de muitas refregas militares, devastada e reconstruída inúmeras vezes. Foi o cenário de importantes batalhas da Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648), conflito que determinou a independência holandesa em relação à Espanha. Passou a integrar o território da Holanda Espanhola a partir de 1581, não sem antes sofrer o massacre de 4 de novembro de 1576, quando 7 mil defensores rebeldes foram mortos por soldados espanhóis, que depois saquearam e destruíram a cidade por três dias seguidos. Sediou a Batalha de Kallo, em 20 de junho de 1638, quando as tropas da Espanha conseguiram vencer seus adversários holandeses, mesmo estes estando em número três vezes maior. Permaneceu sob domínio espanhol até 1714, quando passou a se submeter aos Habsburgo austríacos. Passou a fazer parte da França a partir de 1792, e esse domínio perdurou até a derrota final de Napoleão Bonaparte, em 18 de junho de 1815, em Waterloo (ao sul de Bruxelas), quando se tornou integrante do Reino dos Países Baixos, sob o comando de Guilherme I, até a Revolução Belga e a independência. Antuérpia ainda enfrentou um ano de ocupação dos holandeses (1831-1832), até que finalmente se libertou com a ajuda de tropas francesas.

A libertação da Bélgica – e, por consequência, de Antuérpia – se deu após o fim da Primeira Guerra Mundial, em novembro de 1918. O rei Alberto I, recebido nas ruas de Bruxelas com intensa alegria pela população, foi alçado à categoria de herói de guerra, pois sua ação na região pantanosa de Ypres tinha sido decisiva para barrar o avanço do Exército Alemão e impedir que o território belga fosse ocupado totalmente pelos invasores. Com a assinatura do Tratado de Versalhes, em 28 de junho de 1919, foram impostas diversas punições à Alemanha, apontada como a única causadora da guerra, incluindo aí a perda das cidades de Eupen e Malmedy, na região da Valônia, para a Bélgica, que, assim, viu configurar o seu mapa territorial atual. A indenização de guerra devida pelos alemães foi estabelecida, em 1921, na quantia de 132 bilhões de marcos (o correspondente, à época, a quase 32 milhões de dólares).

A Bélgica já era candidata a sediar os Jogos Olímpicos de 1920 desde a 13ª Sessão do COI realizada em março de 1913 em Basileia (Suíça). No ano seguinte, durante a 14ª Sessão em Paris, foram apresentadas quatro candidaturas: Amsterdã (Holanda), Budapeste (Áustria-Hungria), Roma (Itália) e Antuérpia. Não houve, todavia, consenso, e outra reunião seria marcada para decidir a questão, não fosse o início da Primeira Guerra Mundial, que paralisou o Movimento Olímpico. Somente em 5 de abril de 1919, o COI voltou a se reunir, escolhendo, por unanimidade, Antuérpia para sediar os Jogos de 1920, em consideração ao sofrimento imposto ao povo belga e, especialmente, àquela cidade, cuja população teve de ser evacuada após a invasão, em 1914, do exército do kaiser Guilherme II, que semeou o medo e o terror com execuções em massa de pessoas – inclusive crianças e idosos – que os invasores julgassem suspeitas de articular guerrilhas de resistência.

O grande problema de Antuérpia naquele momento não era falta de experiência em sediar grandes eventos, pois a cidade já fora palco das Exposições Universais de 1885 e 1894 e do primeiro Campeonato Mundial de Ginástica Artística, em 1903. A grande questão é a de que não havia muito tempo para organizar os Jogos Olímpicos de 1920, que começariam oficialmente no dia 14 de agosto daquele ano, de modo que, a partir de sua escolha pelo COI, Antuérpia tinha apenas 16 meses de prazo para se preparar. Houve incerteza de que a cidade conseguiria cumprir o objetivo, por conta dos severos danos que sofrera com os bombardeios e as pilhagens promovidos pelo Exército Alemão durante a Primeira Guerra Mundial, mas o engajamento do governo belga – inclusive com envolvimento pessoal do rei Alberto I e do primeiro-ministro Léon Delacroix (Partido Católico) – e da sua população foram determinantes para que o sonho se tornasse realidade.

O principal personagem responsável pela realização daquela Olimpíada, porém, não era ocupante de nenhum cargo governamental. Henri de Baillet-Latour, um aristocrata membro do COI desde 1903, cujo pai fora governador da província de Antuérpia, foi escolhido, em abril de 1919, presidente do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de 1920. Sua primeira decisão importante foi descentralizar a organização, com a criação de sete comissões para cuidar de tarefas diversas: finanças, acomodações, imprensa, divulgação, programação, transporte e entretenimento. Em maio de 1919, a comissão de finanças estimou que a Olimpíada de Antuérpia custaria 3,7 milhões de francos. Segundo o informe oficial da organização, a receita para cobrir os gastos viria, basicamente, de doações – 1,5 milhão de francos do governo da Bélgica, 800 mil francos do município de Antuérpia, 200 mil francos do governo provincial, 10 mil francos da cidade de Bruxelas e 5 mil francos de doadores privados – e da venda de ingressos – que rendeu mais de 1,1 milhão de francos.

Afrânio da Costa
Foi no Campo de Beverloo que Afrânio da Costa (à esquerda) e Guilherme Paraense (à direita), ganharam duas das três primeiras medalhas da história do Brasil em Jogos Olímpicos. Guilherme Paraense, na pistola de tiro rápido 25 metros, foi o vencedor da primeira medalha de ouro brasileira. Foto: Reprodução Facebook

A austeridade era a regra. As delegações foram alojadas, no geral, em escolas, quartéis e outros edifícios públicos de Antuérpia, e as competições aconteceram, quase sempre, em locais que já existiam na cidade. As disputas de boxe e luta livre, por exemplo, se deram em instalações improvisadas no Zoológico de Antuérpia. Já o tênis foi disputado no Beerschot Tennis Club. O tiro foi sediado no Campo Militar de Hoogboom (em Braaschaat, cidade próxima a Antuérpia) e no Campo de Beverloo, que fora ocupado por tropas belgas e alemãs na Primeira Guerra Mundial e onde ainda havia granadas não detonadas. As competições de remo se deram no Canal Bruxelas-Schelde, enquanto a esgrima teve como sede os jardins do Palácio de Egmont. O Parque Nachtegalen foi palco das disputas do tiro com arco, e esportes de inverno como patinação artística e hóquei sobre o gelo foram sediados no Palácio de Gelo. Fora de Antuérpia, ocorreram as disputas do polo (em Ostend, cidade no litoral do Mar do Norte), do futebol (nas subsedes de Gent e Bruxelas, além de dois estádios em Antuérpia) e da vela (em Ostend e em Amsterdã, capital da Holanda).

As únicas novas instalações construídas para os Jogos de Antuérpia 1920 foram o Velódromo Zurenborg (onde se deram as provas de ciclismo de velocidade), o Estádio Náutico (sede da natação, saltos ornamentais e polo aquático, com arquibancada para 10 mil torcedores) e o Estádio Olímpico, local da maior parte das modalidades em disputa. Erguido entre os anos de 1919 e 1920, o estádio tinha capacidade para 35 mil espectadores e foi palco da cerimônia de abertura, em 14 de agosto, quando o rei Alberto I declarou abertos os Jogos e o esgrimista Victor Boin entrou para a história ao se tornar o primeiro atleta a prestar seu juramento, protocolo introduzido nas cerimônias olímpicas a partir de então. O Estádio Olímpico de Antuérpia, diferentemente de Londres 1908 e Estocolmo 1912, não contava com pista de ciclismo (modalidade disputada no Velódromo Zurenborg), tampouco com piscina (as provas aquáticas se davam no Estádio Náutico). Não se sabe quanto foi gasto na sua construção, pois os Jogos de Antuérpia 1920 não tiveram prestação de contas – sabe-se, porém, que todas as despesas dos atletas, inclusive com alimentação e deslocamento, foram bancadas pelas próprias delegações.

Disputas dos esportes de inverno, da vela, do tiro e do polo já haviam acontecido nos meses de abril, maio e julho, antes da abertura oficial das Olimpíadas de Antuérpia, no dia 14 de agosto, que, excepcionalmente, não aconteceu no Estádio Olímpico. Às 11 horas, uma missa foi celebrada na catedral da cidade, em memória dos mortos da Primeira Guerra Mundial. Somente três horas depois, a partir das 14 horas, se deu a cerimônia de abertura propriamente dita no estádio, na qual o grande destaque não foi nenhum atleta ou delegação que ali desfilou, tampouco as autoridades presentes, mas sim uma bandeira hasteada defronte ao camarote real. O pavilhão, de cor predominante branca, apresentava, em seu centro, cinco anéis entrelaçados, com as cores azul, amarela, preta, verde e vermelha. A bandeira olímpica havia sido criada em 1912 pelo Barão de Coubertin, e sua ideia era criar um símbolo cujas cores pudessem ser encontradas nas bandeiras de qualquer país do mundo.

Apesar das inovações representadas pela bandeira olímpica e o juramento dos atletas, o Movimento Olímpico, na época de Antuérpia 1920, ainda primava pelo amadorismo e improviso. A cobertura do evento era feita basicamente por jornais, e não havia qualquer limitação para que os repórteres pudessem fazer seu trabalho. Por sua vez, o COI não estabelecia – ao menos abertamente – vínculo comercial com qualquer empresa relativo aos Jogos Olímpicos. Todavia, a programação oficial do evento, distribuída para os espectadores, as delegações e os demais envolvidos, tinha um anúncio publicitário dos cigarros Miss Blanche, fabricados pela Vittoria Egyptian Cigarrette Company, empresa sediada em Roterdã (Holanda). Não se sabe quanto a fabricante de cigarros holandesa pagou para colocar seu anúncio no impresso oficial dos Jogos de Antuérpia 1920, mas o produto – que, àquela época, era associado ao charme, já que não se falava dos males para a saúde humana causados pelo consumo de cigarro – era dos mais vendidos na Europa.

Cerimônia de abertura Jogos Olímpicos de 1920
Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1920. Foto: Reprodução Twitter

Recorde de países participantes, mas sem os derrotados da guerra

Na Olimpíada que marcou a estreia da bandeira com os anéis olímpicos, todos os cinco continentes estavam representados por 29 países, um novo recorde de participantes. Entre eles, porém, não estavam Alemanha, Áustria, Hungria, Bulgária e Império Otomano, nações que foram boicotadas pelo COI por terem feito parte das Potências Centrais, aliança militar derrotada na Primeira Guerra Mundial. Reproduzia-se, assim, nos Jogos de Antuérpia 1920 a represália diplomática de Versalhes contra os alemães e seus aliados, considerados os grandes culpados da guerra. A despeito dos cinco excluídos serem da Europa, o Velho Continente continuou a ser maioria, com 18 delegações (incluindo os estreantes Tchecoslováquia, Estônia e Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos). Cinco países representaram o continente americano, dentre eles o Brasil, que fazia sua primeira aparição olímpica. Da África, vieram duas delegações de territórios subordinados à Grã-Bretanha: África do Sul e Egito. A Ásia foi representada pela Índia (ainda colônia britânica) e pelo Japão. Finalmente, Austrália e Nova Zelândia (desta vez com delegações separadas) foram os países da Oceania. A participação das mulheres, por sua vez, cresceu muito pouco em relação a Estocolmo 1912 – dos 2.626 competidores em Antuérpia, 65 eram do sexo feminino (2,47 %). Reflexo da vida social: na Bélgica de 1920, só os homens adultos votavam.

Além da Alemanha e dos demais países derrotados na Primeira Guerra Mundial, boicotados pelo COI, outra ausência se fez sentir em Antuérpia. A Rússia participara de três das cinco edições anteriores olímpicas, tendo alcançado relativo destaque em Londres 1908 – quando terminou em 12º lugar com três medalhas, sendo uma de ouro – e Estocolmo 1912 – ocasião em que foi a sexta maior delegação a comparecer, com 159 atletas, conquistando cinco medalhas. Todavia, o Império Russo acabou com a abdicação do tsar Nicolau II em 16 de março de 1917, advindo daí a República Russa, que teve vida curta, durando até 7 de novembro, data em que foi criada a República Federativa Socialista Soviética da Rússia, dentro do contexto do movimento revolucionário que ficou conhecido como Revolução Russa. Os problemas advindos da mudança do regime e o desenrolar da Guerra Polaco-Soviética (1919-1921) fizeram com que os russos não enviassem delegação aos Jogos de Antuérpia 1920.

No quadro final de medalhas, nove países europeus figuravam entre os dez primeiros colocados – incluindo a Bélgica, país-sede, 5º lugar com 36 medalhas, sendo 14 de ouro, sua melhor participação na história até então. Estônia e Brasil se destacaram entre os estreantes, com três medalhas (sendo uma de ouro) cada um. A França, país-sede da Olimpíada seguinte, em Paris, terminou na 8ª colocação, com 41 medalhas e 9 de ouro. A liderança ficou com os Estados Unidos, tanto no número absoluto (95 medalhas), quanto no de campeões olímpicos (41 ouros). Os norte-americanos, líderes pela segunda vez seguida, construíam assim, desde Estocolmo 1912, uma hegemonia que duraria cinco olimpíadas consecutivas e só seria interrompida em Berlim 1936.

O presente artigo é parte do Capítulo 6 do livro JOGOS POLÍTICOS DA ERA MODERNA, de Paulinho Oliveira.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 14 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Paulinho Oliveira

Jornalista (MTb 01661-CE), formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2004.Escritor, com duas obras publicadas: GUERREIROS DE SANTA MARIA (Fortaleza, Premius Editorial, 2013, ISBN 9788579243028) e JOGOS POLÍTICOS DA ERA MODERNA (Fortaleza, publicação independente, 2020, ASIN B086DKCYBJ).

Como citar

OLIVEIRA, Paulinho. Antuérpia 1920 – A retomada dos Jogos Olímpicos sob os escombros da guerra. Ludopédio, São Paulo, v. 141, n. 21, 2021.
Leia também:
  • 173.17

    Neoliberalismo, esporte e elitismo descarado

    Gabriela Seta Alvarenga
  • 158.30

    Munique’72: os jogos olímpicos por um anuário alemão de época

    Wagner Xavier de Camargo
  • 150.4

    Breaking, b-boy Perninha e Olimpíadas de 2024

    Gabriela Alvarenga