Poderia falar da movimentação intensa de Bia, Ludmila, Debinha e Andressa, trocando de posição o tempo inteiro. Primeiro verniz de Pia no onze brasileiro.
Seria, na verdade, impreterível falar sobre a precisão e fina aragem de Andressa Alves, tanto nas enfiadas, quanto na bola parada. No gol de cabeça de Formiga, repare que ela nem precisa pular, nem quase olhar para a bola. Basta caminhar tranquilamente, manter sua rota, que a precisão de Andressa já define o gol por si só.
Mas em um jogo que foi 5 a 0, quero falar sobre uma zagueira. Sim. Confesso que nunca vi uma defensora atuar com tanta naturalidade no ataque. Reparem. Eram 22 do primeiro tempo, Andressa cobrou escanteio, a bola sobrou quicando na entrada da área. Normalmente o que se segue é um chute para fora do estádio, ou um lançamento para um zagueiro voltando em impedimento.
Não foi o caso.
A bola veio alta, e Érika o que fez? Dominou a pelota. Acomodou. A bola nem sabia que tinha sido dominada. Que obedecia. Simplesmente seguia seu rumo redondo. No próprio domínio Érika já toca para Bia. Movimento único, plástico, inteligente, elegante. Bia, lúcida, devolve a tabelinha à frente, com a mesma classe, o mesmo verniz. Só essa tabela valeria o ingresso. Mas não. Érika avança, progride, indomável, recebe a triangulação e emenda de primeira para o gol. Para o gol não, para a trave. Porque o destino cínico destes lances de fagulha e genialidade, é de não se transmutar em gol. Assim, permanece desimportante. Permanece apenas a faísca.
Assim, podemos dizer: Cinco a zero, fora o show.
Que grande começo para o onze brasileiro sob o comando de Pia.