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E se permanecesse assim? FIFA permite mais substituições para o retorno do futebol

Anselmo Munir 26 de maio de 2020

Estamos à beira do retorno do calendário do futebol, após serem dados os primeiros passos na estruturação de toda a logística dos jogos perante as restrições de isolamento físico-social e o enfrentamento, ainda sem prazo de validade, dos traumas da epidemia do coronavírus.

O primeiro campeonato foi o Sul-Coreano. Junior Negão, atacante brasileiro que atua por lá defendendo as cores do Ulsan Hyundai, deixou o dele logo de cara e mandou um recado pra cá na comemoração: ‘Força, Brasil! #StaySafe’ (tradução: #FiqueSeguro) – vídeo abaixo.

O Alemão, a Bundesliga, encabeça o movimento pela Europa, enquanto aqui na nossa terra alguns nomes do alto escalão, como o do presidente da República, já defendem essa iniciativa, apesar da curva de infectados pela Covid-19 seguir aumentando – sim, eu sei. Não faz sentido.

A volta do futebol à programação das nossas vidas está em andamento, mesmo fora da normalidade (ou dentro de um novo normal, seja lá ele qual for, seja lá por quanto tempo). Para isso acontecer precisamos nos adaptar, com muita responsabilidade, pois a vida deve ser a prioridade. Sem torcida, sem abraços, sem cusparadas, sem troca de camisas. Sem graça, talvez? Não sabemos. Mas se for para bola rolar, que seja de maneira segura.

Além dessas práticas, a FIFA autorizou o aumento de substituições para até cinco mudanças durante os 90 minutos, a serem realizadas dentro das mesmas três paradas e o intervalo.

A primeira permissão para troca de um jogador durante a partida aconteceu em 1958. A regra valia para casos de lesão. Em 1970 passamos para duas, sem restrições. Só em 1995 chegamos ao modelo atual. Agora, para colaborar com clubes e atletas no preparo físico durante esse período, pulamos para cinco.

Jesualdo, técnico do Santos, disse sustentar essa ideia antes mesmo das atuais circunstâncias. Ainda apresentou outra sugestão para o andamento do Campeonato Paulista, uma troca extra destinada exclusivamente aos goleiros, aumentando, assim, para seis.

Lembrei-me dos tempos de futebol de salão na época da escola. Nunca tratei com estranheza a necessidade de deixar o gol para ir para o banco. Além de sempre me animar com a ideia de entrar no jogo quando estava de fora (aos curiosos, a vida corajosa com as luvas não chegou à adolescência, logo me aventurei na linha). Obviamente que o futsal é outro caso, outras condições. Mas me peguei pensando sobre a dinâmica mais veloz que a quadra carrega.

Substituição de Lucas Lima em jogo do Palmeiras. Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras.

A troca de passes e de posições é intensa dentro de uma área absurdamente menor. As substituições acontecem frequentemente e isso ajuda no controle do ritmo. Acompanhamos discussões sobre essa manutenção de intensidade nos gramados há um tempo. Com frequência, inclusive, na famosa marcação no campo de ataque. Certamente você está ouvindo neste momento o comentarista dizer na sua cabeça “vamos ver por quanto tempo o time aguentará pressionar a saída de bola”.

Pois bem. As cinco substituições no futebol poderiam não só ajudar a saúde dos atletas, mas como a do jogo. Proporcionando a conservação de um estilo por mais tempo ou o contrário, alternar esquemas táticos com mais facilidade, mudando mais peças. De corrigir erros, correr mais riscos. De ter mais gente participando dos 90 minutos, mais elenco. Diminuindo ainda aquela ideia engessada dos 11 intocáveis, do time titular e do reserva. Porque o time é um só, seja lá formado por quantos atletas. Uns jogando mais, outros menos.

Uma medida temporária para o retorno do futebol, disponível até o final da temporada 2020/21, mas que poderia ser permanente. Já o vírus, no entanto, poderia inexistir desde ontem e junto dele toda ausência de abraços que nem mesmo os gols trarão de volta por enquanto. Por enquanto.

Valeu. Tamo junto!

 

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Referências

Onefootball. As mudanças nas regras do futebol

FIFA. Autorizada temporariamente a opção para 5 substituições

A Tribuna. Entrevista com o técnico Jesualdo

Agência Brasil. O retorno do Campeonato Sul-Coreano de futebol

Globo Esporte. Bolsonaro defende volta do futebol no Brasil

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Anselmo Munir

Jornalista e Produtor de Conteúdo no @papodebancada

Como citar

MUNIR, Anselmo. E se permanecesse assim? FIFA permite mais substituições para o retorno do futebol. Ludopédio, São Paulo, v. 131, n. 60, 2020.
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