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‘El Clasico’ – Barcelona e Real Madrid

Marco Lourenço 24 de novembro de 2015

O maior clássico mundial da atualidade atinge uma expressiva marca de equilíbrio. Após uma longa distância entre os rivais, criada pelos tempos de hegemonia merengue, o Barcelona FC praticamente se iguala ao Real Madrid nos confrontos diretos.

No campeonato espanhol, o Barcelona acumula 69 vitórias, duas a menos que o rival de Madrid. Na soma total das partidas oficiais, 92 triunfos para cada lado, em 230 confrontos, entre La Liga, Uefa Champions League, Taça da Liga, Taça da Espanha e SuperTaça da Espanha. A última década da equipe Catalã pôs em xeque a soberania merengue. Apesar da conquista de ‘La décima’, pela última edição da Liga dos Campeões, o time de Lionel Messi, maior artilheiro do clássico com 21 gols marcados, tem sido avassalador. Bicampeão europeu e tetracampeão nacional, o time espanhol de alma catalã é a pedra no sapato do também milionário Real Madrid.

Há também um certo equilíbrio na sala de troféus e a uma inusitada disputa percebida até em seus museus. Ao todo, o Barcelona reúne 82 taças, apenas uma a mais que o rival, embora o time merengue possua um melhor desempenho no futebol internacional.

Apesar da equipe catalã ter se revelado superior nos últimos anos, as marcas mais expressivas no confronto direto ainda estão ao lado da equipe merengue. Os assustadores 11 a 1 (1942/43) e os humilhantes 9 a 0 (1951/52), em pleno Camp Nou, fortalecem o orgulho e a rivalidade que o torcedor do Real mantém.

Não podemos, no entanto, entender a disputa entre as equipes somente dentro das quatro linhas. A vitória do FC Barcelona é uma vitória do povo catalão, uma nação com identidade própria que busca independência dentro da Espanha. Do outro lado, a equipe da capital. Uma cidade continental com histórica vocação de liderança no seu país, característica que sempre colocou os adversários políticos em tensão desportiva.

Escanteio para o Real Madrid numa das maiores goleadas da história do confronto. Barcelona 5 x 0 Real Madrid. Barcelona, Espanha, 2010. Foto: Márcio Pereira Morato.

Uma sugestão interessante para entender esse cenário político é o documentário “O Madrid real: A lenda negra da glória branca”. O filme narra a interferência do governo espanhol no futebol, por meio de depoimentos de importantes personagens, como o craque Di Stéfano e o neto ditador Francisco Franco.

Desde a sabotada transação do atleta argentino para o Barça, durante todo o período de governo franquista, o Real Madrid colecionou conquistas – 14 troféus, sendo seis suas primeiras copas europeias –  e se afirmou como uma das maiores equipes do futebol mundial.A rivalidade do ‘El Clasico’ do século XXI ainda revela seu caráter político, mas dois personagens do campo de jogo formam um enredo cinematográfico, digno de grandes inimigos da sétima arte.

Quem é o melhor, Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi? Talvez para a maioria a resposta já é clara. O argentino recordista de gols na Liga dos Campeões e no Campeonato Espanhol é também colecionador de troféus coletivos e individuais – eleito o melhor do mundo por quatro vezes consecutivas.

A hegemonia do camisa 10 do Barça é notória, mas a disputa pessoal promovida descaradamente pelo camisa 7 português acirra a competição entre os dois monstros da bola e de quebra mantém a intensa rivalidade para o jogo que não precisa de apelidos. Esse é “o Clássico”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Marco Lourenço

Professor, Mestre em História (USP), Divulgador Científico (Ludopédio) e Produtor de Conteúdo (@gema.io). Desde 2011, um dos editores e criadores de conteúdo do Ludopédio. Atualmente, trabalha na comunicação dos canais digitais, ativando campanhas da Editora Ludopédio e do Ludopédio EDUCA, e produzindo conteúdos para as diferentes plataformas do Ludo.

Como citar

LOURENçO, Marco. ‘El Clasico’ – Barcelona e Real Madrid. Ludopédio, São Paulo, v. 77, n. 11, 2015.
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