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Estas são as 12 novas mudanças nas regras do futebol

Estêvão Bertoni 8 de abril de 2019

O futebol ganhará a partir deste ano 12 novas regras na tentativa de deixar a disputa em campo mais dinâmica e aumentar o tempo de bola rolando. Elas passam a valer obrigatoriamente a partir de 1º de junho de 2019, quando os torneios na Europa terão terminado. As federações de cada país são responsáveis por colocar as mudanças em prática.

60
minutos é a média ideal de bola em jogo
(numa partida de 90 minutos), segundo a Fifa

55
minutos e 14 segundos de bola em jogo
foi a média do Campeonato Brasileiro de 2018 após 39 partidas,
segundo dados da CBF

A Confederação Brasileira de Futebol prevê implantar as alterações a partir de 8 de julho de 2019, quando seus torneios serão retomados após a pausa para a realização da Copa América, disputada no Brasil, já sob as novas regras, entre 14 de junho e 7 de julho de 2019.

As mudanças foram aprovadas em 2 de março de 2019 pelo Comitê Internacional das Associações de Futebol, o Ifab, na sigla em inglês. O órgão, criado em 1883, é responsável por definir as regras do futebol. Ele é mais antigo que a Fifa (Federação Internacional de Futebol), que surgiu em 1904. Para aprovar alterações são necessários seis dos oito votos a que as organizações com assento no comitê têm direito.

Cinco entidades integram o Ifab:

Fifa, que tem direito a quatro votos

Associação de Futebol da Inglaterra, criada em 1863

Associação de Futebol da Escócia, de 1873

Associação de Futebol do País de Gales, de 1876

Associação de Futebol da Irlanda do Norte, de 1880

Embora os países que integram o comitê não sejam atualmente protagonistas no futebol, eles continuam com poder na entidade devido à tradição estabelecida. O esporte foi criado na Inglaterra e suas primeiras regras foram definidas em 1863 pela associação inglesa.

O comitê costuma rever frequentemente algumas regras. Uma das mudanças de maior impacto ocorreu na temporada que se iniciou em 2018 e terminou em 2019, de acordo com o calendário europeu, quando o órgão permitiu o uso do VAR (o juiz podia consultar na televisão o replay de uma jogada para tomar uma decisão), medida com potencial de alterar a história de uma partida. O instrumento foi utilizado pela primeira vez na Copa do Mundo de 2018, realizada na Rússia.

Também autorizou uma quarta substituição em caso de prorrogação e a inclusão da mordida como falta (por causa do episódio envolvendo os jogadores Luis Suárez e Giorgio Chiellini, na Copa do Mundo de 2014).

Futebol muda 12 regras. Foto: Click and Boo/Unsplash.

As novas regras

As mudanças para 2019 foram aprovadas em reunião do Ifab, em Aberdeen, na Escócia. Três delas já estavam sendo testadas em vários países havia dois anos, como a possibilidade de aplicar cartão amarelo e vermelho aos técnicos, a obrigação de o jogador substituído deixar o campo pela linha que estiver mais próxima dele e a permissão aos goleiros de cobrar tiro de meta para um companheiro de equipe dentro da grande área.

A seguir, o Nexo lista as 12 mudanças.

1. FIM DA BOLA AO CHÃO

O recurso usado pelo juiz para recomeçar o jogo após ele ter sido interrompido temporariamente por algum incidente fora das regras será abandonado. A bola não será mais colocada em disputa, mas devolvida ao último jogador que a tocou. Quando a paralisação ocorrer dentro da área, será dada ao goleiro. Nas devoluções de bola ao jogo, o adversário terá de ficar a uma distância de quatro metros da cobrança, para não atrapalhar. Caso a bola toque no juiz em qualquer lance, a bola será devolvida ao time que a possuía.

2. A FORMAÇÃO DAS BARREIRAS

Apenas os jogadores do time que está se defendendo poderão formar uma barreira nas cobranças de falta. Os adversários terão de ficar a um metro de distância dela, para não atrapalhar. “Atacantes posicionados muito perto ou na barreira na cobrança de falta frequentemente causam problemas para o juiz ou perda de tempo. Não há justificativa tática legítima para atacantes estarem na barreira e sua presença vai contra o ‘espírito do jogo’ e muitas vezes prejudica a partida”, diz a entidade.

3. COMEMORAÇÕES DE GOL

O cartão amarelo dado a um jogador por celebrar ilegalmente um gol (como, por exemplo, tirando a camisa) será mantido mesmo no caso em que o gol foi anulado por algum motivo, como um impedimento. Para o comitê, a medida é uma precaução contra comemorações inapropriadas de gol, que desperdiçam tempo.

4. TIRO DE META

Nos tiros de meta, o goleiro poderá passar a bola a um companheiro de equipe que estiver dentro da grande área. Antes da mudança, a bola só voltava ao jogo depois de sair da área nesse tipo de cobrança. De acordo com o Ifab, os experimentos mostraram que a medida tornou o reinício do jogo mais dinâmico. Nesse caso, o adversário deverá permanecer fora da área até que a bola esteja novamente em jogo. Ou seja, não poderá haver marcação cerrada na saída da bola.

5. MÃO NA BOLA

Acabaram as interpretações do juiz em alguns lances polêmicos sobre o toque de mão na bola (ou de bola na mão). A nova regra determina que a jogada será interrompida para a cobrança de tiro livre quando a bola, mesmo que acidentalmente, tocar na mão ou no braço do atacante e entrar no gol; quando o jogador controlar a bola e marcar um gol ou gerar chances de gol após ela tocar em sua mão ou braço; quando a bola tocar a mão ou braço do jogador nos casos em que ele aumentar a área de cobertura de seu corpo com os braços; quando a bola tocar os braços e as mãos acima dos ombros. “Futebol não aceita gol marcado com a mão e o braço, mesmo que acidentalmente”, diz o comitê.

6. QUEM SAI JOGANDO

O jogador que ganhou no sorteio com o uso de uma moeda o direito de escolher para qual lado do campo ele começa atacando poderá agora também decidir quem começa o jogo tendo posse de bola. O comitê cita como argumento até casos em que gols são marcados do meio do campo no início da partida para justificar que a medida torna o jogo mais dinâmico.

7. PARADAS POR MOTIVOS MÉDICOS

O juiz terá que diferenciar dois tipos diferentes de interrupção de jogo para assegurar a saúde dos atletas. Ele poderá definir um intervalo que varia de 90 segundos a três minutos para que os jogadores possam resfriar seus corpos quando as condições climáticas forem adversas (nos casos em que as partidas são disputadas com altas temperaturas, como muitas vezes acontece no Brasil). Também poderá autorizar parada para a hidratação dos jogadores, mas por apenas um minuto. A distinção pode ajudar a evitar desperdício de tempo.

8. O GOLEIRO NOS PÊNALTIS

Muitas vezes desrespeitada, a regra que determinava que o goleiro mantivesse os dois pés sobre a linha no momento da cobrança de um pênalti também foi abandonada. Os goleiros precisarão, a partir de junho, ter apenas parte de um dos pés sobre a linha na hora do chute. Segundo o comitê, é mais fácil identificar se há um pé sobre a marca do que dois. Quando a regra era descumprida, o lance tinha de ser repetido. O goleiro, porém, não poderá ficar nem atrás nem à frente. A regra também abre brecha para a antecipação do goleiro no caso em que o cobrador faça “paradinhas” ao correr para a bola. “É razoável que o goleiro possa dar um passo em antecipação ao chute”, diz o Ifab.

9. CAMISAS DEBAIXO DO UNIFORME

O comitê decidiu permitir que os jogadores usem peças embaixo da camisa do time com mangas multicoloridas e com desenhos se eles respeitarem as características do uniforme.

10. FALTA RÁPIDA SEGUIDA DE CARTÃO

Os juízes não precisarão, caso tenham de aplicar um cartão amarelo ou vermelho, interromper uma cobrança rápida de falta que crie uma oportunidade de gol. Ele poderá esperar o lance ocorrer e só depois mostrar a advertência. “Entretanto, se o juiz distraiu uma equipe ao iniciar o procedimento de aplicar um cartão, a cobrança rápida de falta não será permitida”, diz o comitê.

11. SUBSTITUIÇÕES RÁPIDAS

O jogador a ser substituído deverá sair pelo ponto mais próximo e não ir até o meio do campo, como acontece nas regras atuais. A medida visa inibir jogadores que tentam ganhar tempo saindo lentamente. Ao deixarem o campo, eles deverão seguir imediatamente para a área técnica ou vestiário para não atrapalhar a partida.

12. CARTÃO PARA OS TÉCNICOS

Um técnico já pode ser expulso pelo juiz por reclamações. Com as novas regras, porém, ele poderá ser primeiramente advertido com um cartão amarelo. Se as reclamações continuarem, será expulso com o cartão vermelho, como já acontece com os atletas. “A experiência com cartões para técnicos foi bem-sucedida e revelou benefícios em todos os níveis, inclusive para jovens juízes ao lidar com ‘difíceis’ técnicos mais velhos”, diz a entidade.

Este texto é uma republicação de artigo publicado no site Nexo Jornal.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Como citar

BERTONI, Estêvão. Estas são as 12 novas mudanças nas regras do futebol. Ludopédio, São Paulo, v. 118, n. 9, 2019.
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