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Gripe Espanhola e Futebol no Brasil (Parte 3): São Paulo

Depois de abordarmos um pouco do que se passou em relação ao futebol durante a pandemia da gripe espanhola (1918) nas cidades de Recife e Rio de Janeiro, chegou a vez de falar da capital paulista. E vamos poder observar que a pandemia de 1918 afetou fortemente os esportes e o futebol de São Paulo.

Aproximação da curva de mortes de SP. Foto: Reprodução/Twitter @maishistoriapf

Como já foi colocado no primeiro texto sobre o Recife, a gripe espanhola entrou no país pelos portos. Trouxe  infectados para as principais cidades portuárias do Brasil que ficavam nas rotas comerciais de navios vindos do Hemisfério Norte. Por isso, ela chegou primeiro ao Recife, depois ao Rio e depois a Santos. De Santos, devido às intensas comunicações com a capital paulista, não demorou para que a imprensa desse notícia dos primeiros casos que apareceram em São Paulo, por volta do dia 10 de outubro de 1918.

A “Hespanhola” nos campos de São Paulo

No entanto, a história da gripe espanhola em relação ao futebol de São Paulo tem seu primeiro episódio de destaque no dia 12 de outubro de 1918. Foi a disputa da Taça Rodrigues Alves, torneio que colocava frente a frente as seleções carioca e paulista, em São Paulo. Nesse período, o Rio de Janeiro já apresentava um alastramento no número de casos de gripe espanhola, os hospitais já estavam lotados e as primeiras mortes já começavam a aparecer nos jornais. Para se ter uma ideia, no dia do jogo em São Paulo, 27 pessoas foram enterradas em cemitérios do Rio de Janeiro, vítimas da gripe espanhola.

Na viagem de trem dos jogadores cariocas para São Paulo, quatro jogadores saíram do trem direto para o hospital, acometidos pela espanhola. Matheus Donay citou o caso dos jogadores doentes e o fato de que a imprensa do Rio de Janeiro apontou como causa da goleada sofrida pelos cariocas o fato de vários jogadores da então Capital Federal jogaram já acometidos da gripe espanhola. No dia seguinte ao jogo, houve ainda um amistoso no dia 13/10 entre combinados de jogadores paulistas e cariocas visando treinamento para a seleção que disputaria o sul-americano (O Estado de S. Paulo, 14 out. 1918, p.5).

Aspectos das arquibancadas da campo da Floresta no jogo SP x RJ de 12.10.1918. Foto/Reprodução: Fon-Fon, 19 out. 1918, p. 29.

Durante a semana seguinte seriam realizados os preparativos para a ida dos jogadores paulistas ao Rio de Janeiro, para realização de treinos junto dos cariocas que formariam a seleção brasileira no Sul-Americano a ser disputado no Rio (e que foi adiado). O Correio Paulistano demonstrava preocupação com o deslocamento para a capital do país. Afirmava que era muito natural, que os jogadores paulistas tivessem receio de ir para o Rio, e aconselhava a Associação Paulista de Sports Atléticos (APSA – que organizava o mais importante campeonato de futebol de São Paulo) a adiar a ida dos players e esperar “que a terrível epidemia esteja totalmente dominada (Correio Paulistano, 17 out. 1918, p. 3). O jornal O Estado de S. Paulo fez eco às críticas da ida dos jogadores paulistas para o Rio de Janeiro (19 out. p. 6). No dia anterior a esta notícia, jornais do Rio de Janeiro noticiavam o enterro de 186 pessoas vítimas da gripe espanhola nos cemitérios da cidade.

Os jogadores paulistas receberam o dinheiro, mas os treinos foram cancelados. A Confederação Brasileira de Desportos cobrou dos jogadores a devolução do dinheiro. Os jogadores não devolveram e estabeleceu-se um dos casos mais famosos do período de acusação de profissionalismo (o que era proibido) aos jogadores de São Paulo. Mas esta é uma outra história.

Paralisação do campeonato

Na capital paulista, o dia 17/10/1918 foi o dia do anúncio das primeiras duas mortes na cidade, vítimas da nova epidemia. A Saúde Pública passou a tomar as primeiras medidas para conter a epidemia: no dia seguinte às primeiras mortes, todas as escolas públicas foram fechadas. Dois dias depois (20/10/1918) foi anunciado o fechamento de cinemas e teatros. Dias depois, o arcebispo de São Paulo proibiu as procissões pela cidade.

Os jogadores paulistas devem ir treinar pela seleção no Rio de Janeiro, em plena pandemia? Foto/Reprodução: Correio Paulistano, 17 out. 1918, p. 2.

Entretanto, aproximava-se a rodada do campeonato paulista, no dia 20/10, com os jogos Paulistano x Internacional; São Bento x Minas Gerais; e Ypiranga x Mackenzie. No mesmo dia, os jornais também falavam das provas de turfe que aconteceriam no Jockey Club Paulistano (JCP). Os jornais do dia 21/10 nos revelam o que se passou no domingo.

Enquanto no Prado da Mooca, como era conhecia a pista de corridas do JCP, “numerosa assistência” esteve presente ao evento esportivo do domingo, a APSA decidiu adiar a rodada por solicitação da polícia como “medida preventiva contra a epidemia reinante nesta capital” (O Combate, 21 out. 1918, p.2).

O jornal O Estado de S. Paulo descreve de maneira detalhada o drama dos torcedores que foram aos estádios para ver os jogos e, em cima da hora, viram o cancelamento dos jogos. O texto descreve que a polícia parou os jogos antes do início, com ingressos já vendidos e parte do público dentro dos estádios. O cronista critica a medida, pois havia tempo para se avisar com antecedência.

Critica ainda o fato de que, na noite de domingo, os cinemas, teatros e circos funcionaram normalmente em ambientes fechados. E que havia muito prejuízo aos clubes, com taxas para jogos, deslocamento de jogadores e que ainda teve que devolver o dinheiro dos ingressos. Mesmo assim, os jogadores entraram em campo para treinar e os torcedores e torcedoras permaneceram nos estádios acompanhando a movimentação dos jogadores (O Estado de S. Paulo, 21 out. 1918, p. 5).

“Que seja tudo por amor à hespanhola”. Crônica critica a paralisação do futebol e manutenção de cinemas, teatros e do JCP funcionando. Foto/Reprodução: O Combate, 21 out. 1918, p. 2.

O jornal O Combate, apresentou uma crônica descrevendo os mesmos fatos, afirmando que a medida fora acertada, mas que poderia ser posta em prática com “um pouco mais de moderação”. Aponta para o fato de cinemas e teatros estarem abertos. Mas devido ao seu caráter mais crítico em suas páginas, a crônica não deixa de citar o tratamento diferente dado ao JCP: “O Mais curioso é que a festa do Jockey Club não teve o menor impedimento em sua realização”. Talvez o silêncio do jornal O Estado de S. Paulo em relação ao JCP tenha a ver com o fato de esta agremiação ter fortes influências com a família Prado, que tinha intensas relações com o jornal O Estado de S. Paulo desde os finais do século XIX.

Os clubes e a pandemia de 1918: Corínthians

A partir desta semana, o que se lê nas colunas de esportes de jornais como O Combate, Correio Paulistano e O Estado de S. Paulo são as ações levadas a cabo pelos clubes para auxiliar no combate à pandemia. É interessante notar, por exemplo, que o Corínthians realizou uma ação para arrecadar fundos para a Cruz Vermelha. No ofício enviado ao jornal O Combate (26 out. 1918, p.3) para informar e dar publicidade à ação, nota-se a ideia de reforçar a identidade que o clube carrega até os dias atuais: suas origens populares.

O texto tem a chamada “O Sport Club Corínthians e a epidemia”. Citava o apelo feito pela Cruz Vermelha ao clube e que tal pedido não podia “passar indiferente”. E assinala: “O Corínthians, composto, como é, em sua maioria por operários, sente-se na obrigação […], apesar de sua insignificante valia, [de] concorrer com o seu esforço por intermédio da Cruz Vermelha Brasileira”. O clube disponibilizou em sua sede uma lista para que sócios depositassem dinheiro e deu uma doação inicial de cem mil réis. Isto equivalia a 100 ingressos de arquibancada para um jogo do Campeonato Paulista, para falarmos a língua apropriada a este site e a esta coluna.

Os clubes e a pandemia de 1918: Palestra Italia

Outro clube importante do período que fez ações pela Cruz Vermelha foi o Palestra Italia. Em meio às campanhas de solidariedade, percebe-se também um pouco os inícios da rivalidade entre os clubes de futebol em meio à pandemia. Se a maioria dos clubes fazia o mesmo tipo de ação do Corínthians, o Palestra Italia resolveu dar um passo além para obtenção deste valioso capital simbólico: “quem ajuda mais”.

Palestra Italia entrega sua sede transformada em hospital. Foto/Reprodução: Correio Paulistano, 30 out. 1918, p. 2.

Dias depois do anúncio do Corínthias, o Palestra Italia anunciou que iria ceder toda a sua sede na Rua Libero Badaró, número 81, no centro da cidade, para servir de um imenso e elogiado posto de socorros. Se a ação do Corínthians rendeu a publicação de seu ofício, a ação do Palestra rendeu muito mais tinta nas páginas da imprensa de São Paulo. Para se ter uma ideia das instalações, as notícias falam em 81 leitos e também um posto médico, um centro de recepção de doação de roupas e até mesmo setor de costuras. As instalações foram descritas pelo Correio Paulistano como “luxuosas” que faziam o lugar parecer “uma clínica particular”.

Além disso, também uma ação para coleta de fundos e uma doação do Palestra Italia de 500 mil réis, cinco vezes maior que a do Corínthians (ou 500 ingressos de arquibancada). Diretoras da Cruz Vermelha foram à redação do Correio Paulistano para agradecer à colaboração do jornal, mas também para “fazer um apelo a todas as sociedades esportivas e de outros generos constituídas nesta capital para que, a exemplo do que fez o Palestra Italia, auxiliem também a ação da CV” (30 out. 1918, p. 8).

O jornal O Estado de S. Paulo também elogiou a atitude do Palestra Itália, assim como a do Botafogo do Rio de Janeiro, que também havia transformado sua sede em posto de socorro. E ainda mostrava que em alguns clubes, atletas ignoravam as recomendações e seguiam treinando e frequentando as sedes sociais:

“Não é crível que enquanto a cidade toda se precavem, tomando as medidas aconselhadas pelas autoridades sanitárias para diminuir os efeitos da terrível hespanhola,  em alguns clubes estejam rapazes, em um egoísmo muitíssimo censurável e revoltante, a se divertir, a praticar sport!!” (28 out. 1918, p.5).

As notícias de esportes que aparecem nos jornais, ou fazem referência às corridas de turfe no Rio e na Argentina, ou são deslocadas para notícias sobre ações dos clubes para auxiliar no combate à pandemia. Há notícias do Syrio doando 50 mil réis, do Ypiranga cedendo parte de suas instalações para um posto de socorros, do Paulistano transformando sua sede também em posto de socorros, assim como o Mackenzie College, mas este só para atender sócios. O hospital do Palestra Itália já estava com os 81 leitos lotados três dias depois de sua inauguração.

A volta aos poucos do futebol

Na reabertura do Prado da Mooca, o pavilhão dos sócios do JCP. O detalhe da única mulher negra, em pé, e que cuidava de um bebê. Provavelmente uma ama de leite de uma das famílias abastadas sócias do JCP. Foto/Reprodução: Vida Moderna, 12 dez. 1918, p. 9

Os esportes pararam em São Paulo. O próprio JCP, depois das críticas suspendeu suas corridas e só voltou a abrir no dia 1/12, apesar de anúncios anteriores, mas em tentativas sempre adiadas. Após quase um mês e meio sem atividades, alguns clubes começaram a reabrir as suas sedes para os sócios no início de dezembro. No dia 1º de dezembro, O Estado noticia a reabertura do clube Paulistano. Jogadores de tênis e futebol poderiam treinar “sem susto”. Anunciava também o recomeço dos treinos de futebol do Palmeiras, do Palestra, do Paulistano, e do São Bento (O Estado de S. Paulo, 1 dez. 1918, p. 7). Também vimos no texto do Matheus Donay que o Corínthians foi ao Rio de Janeiro, dia 30/11, para um amistoso contra o Flamengo, evento que marcou a volta do futebol dos grandes clubes no Rio.

Nos dias seguintes, os primeiros amistosos na capital começam a ser disputados visando a volta do campeonato. O Palestra Itália, que havia abandonado o campeonato no início de 1918, fez um amistoso com o então líder da tabela, a A.A. Palmeiras. No jogo, disputado dia 8/12, o Palestra goleou a A.A. Palmeiras por 4 a 1. O Correio Paulistano descreveu uma “grande multidão” no campo da Floresta e que a torcida do Palestra muito se “excedeu”, um “fato característico” da torcida palestrina e que atrapalhava o “andamento do match” (Correio Paulistano, 9 dez. 1918, .2).

Quando a APSA resolveu voltar o campeonato, as partidas que não influenciariam na disputa do título não foram disputadas. O Santos, que era a equipe que tinha mais pontos (18), mas já que tinha feito 13 jogos, não jogou mais e não fica muito claro o motivo desta desistência. A.A.Palmeiras (17 pontos, 11 jogos), Paulistano (16 pontos, 10 jogos) e Corínthians (15 pontos, 11 jogos) eram as equipes que ainda tinham chances de conquistar o Paulista de 1918. Paulistano e Corínthians ainda fariam seis jogos e a A.A. Palmeiras, cinco. E essas equipes ainda jogariam entre si.

Foto/Reprodução: Vida Moderna 12 dez 1918, p. 18

A revista Vida Moderna publicou crônica sobre a volta do campeonato paulista. Alertava para o fato de quase todos os jogadores haverem sido contaminados pela gripe espanhola. Por isso, era possível prever que ainda não estivessem “em perfeita forma”. Mas descrevia a ansiedade da torcida pela volta aos estádios: “Os torcidas, que tanta animação emprestam aos torneios de football, já terão, naturalmente, as estas horas, afinado as suas gargantas, para lá estarem, no próximo domingo, firmes no posto”. 12/12, p.18

O recomeço do campeonato: A.A. Palmeiras afunda e Paulistano atropela

Imagem do jogo entre Corínthians x Paulistano no estádio da Ponte Grande. Foro/Reprodução: Vida Moderna, 26 dez. 1918, p.17

Na volta do campeonato, dia 15/12, a A.A. Palmeiras foi surpreendentemente derrotada pelo Minas Gerais, por 1 a 0. No dia 22/12, a primeira decisão, entre Corínthians e Paulistano, com a vitória do clube do bairro dos Jardins, fora de casa, por 1 a 0. Deste modo, o Paulistano de Friedenreich pulava para a frente da tabela, com o Corínthians um ponto atrás.

No dia 5/1/1918, a A.A. Palmeiras dava adeus à disputa do título, com um empate em casa contra o São Bento. Na semana seguinte, o Paulistano enfrentaria o São Bento. O Corinthians tinha jogo decisivo contra a já eliminada A.A. Palmeiras. O Paulistano venceu por 6 a 0. Mas a vitória por 5 a 3 dos corinthianos manteve o clube da Zona Leste na disputa pelo título.

Na última rodada, dia 19/01/1919, o Paulistano precisava apenas vencer a A.A. Palmeiras, equipe que antes da paralisação era a mais forte candidata ao título, para se tornar campeão. Já o Corínthians precisaria vencer o São Bento e torcer para a A.A. Palmeiras surpreender e derrotar o favorito Paulistano. Apesar da vitória corinthiana por 4 a 1, o Paulistano triturou a A.A. Palmeiras com uma goleada contundente de 7 a 0, sagrando-se campeão paulista de 1918.

Equipe do Paulistano, campeã paulista de 1918, mas só em 1919. Friedenreich é o último da direita. Foto/Reprodução: A Cigarra, 1 fev. 1919, p. 17.

Para além do campo

Mas, para além dos resultados esportivos, a gripe espanhola ceifou vidas de esportistas paulistas, como por exemplo Octavio Egydio (ex-jogador da seleção paulista e diretor da A.A. Palmeiras). O futebol ficou parado por mais de dois meses. Muito mais tempo que no Rio de Janeiro. E não foram tantas as notícias de pessoas ligadas ao futebol falecidas vítima da gripe espanhola, como no Rio de Janeiro. No texto do Matheus Donay ficaram claras as referências a atletas, diretores e funcionários de clubes que faleceram. Ou como a missa de sétimo dia em homenagem aos falecidos do Fluminense. Não vimos isso em São Paulo, ao menos não nos jornais.

Em nossas threads no Twitter do Mais História, por favor! e no Medium, publicamos um texto que fala que as medidas mais severas do governo paulista acarretaram uma taxa de mortos por cem mil habitantes bem menor que a do Rio. Assim como era com a espanhola, as medidas de isolamento são ainda as mais eficazes para diminuirmos o número de mortes.

Em 1918, portanto mais de cem anos atrás, o futebol, nas cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo só voltou quando a curva de mortes estava já em absoluto declínio. O que faz com que pessoas, mais de cem anos depois, discutam a retomada do futebol com uma curva de mortes que nem sabemos se atingiu seu pico e com mortos na casa dos mil por dia há mais de uma semana? Ignorância, canalhice ou sordidez? Ou um pouco de tudo isso misturado?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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João Malaia

Historiador, realizou tese de doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo sobre a inserção de negros e portugueses na sociedade carioca por meio da análise do processo de profissionalização de jogadores no Vasco da Gama (1919-1935). Realizou pós doutorado em História Comparada na UFRJ pesquisando as principais competições internacionais esportivas já sediadas no Rio de Janeiro (1919 - 2016). Autor de livros como Torcida Brasileira, 1922: as celebrações esportivas do Centenário e Pesquisa Histórica e História do Esporte. Atualmente é professor do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e atua como pesquisador do Ludens-USP.

Como citar

SANTOS, João Manuel Casquinha Malaia. Gripe Espanhola e Futebol no Brasil (Parte 3): São Paulo. Ludopédio, São Paulo, v. 132, n. 2, 2020.
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