125.31

Jogadores de futebol são modelos de comportamento para jovens no Brasil?

Marcelo Weishaupt Proni 25 de novembro de 2019

O futebol oferece retratos nítidos da sociabilidade contemporânea no Brasil. De fato, quase todas as condutas individuais e coletivas que caracterizam as relações sociais, seja na esfera privada ou na esfera pública, estão presentes naquilo que conhecemos como o “futebol brasileiro”.

Os principais protagonistas do espetáculo, os jogadores mais famosos, são modelos de execução da técnica e de desempenho individual e coletivo dentro de campo, tanto para crianças que estão iniciando no esporte como para adolescentes que jogam bola com os amigos. Mas, os ídolos desse esporte tão popular no Brasil podem ser considerados como modelos de comportamento social para crianças e, em especial, para jovens?

Idealmente, esses personagens deveriam representar as condutas éticas do fair play evocado pela FIFA, tais como o respeito estrito às regras do jogo, o uso de meios lícitos para tentar vencer o adversário, o repúdio à violência e a qualquer forma de discriminação. O futebol pode ser visto como uma escola informal, onde se aprende o valor da honestidade e do esforço pessoal, onde se aprende a trabalhar em equipe e a competir de modo civilizado e dentro da legalidade.

Porém, há vários exemplos de jogadores que não se pautam por esse ideário, que tentam vencer usando meios ilícitos (como o doping), abusam de jogadas violentas, simulam contusões, tentam enganar a arbitragem, até alteram a certidão de nascimento.

Neymar em seu estilo “cai-cai” durante a partida da Copa do Mundo 2018 entre Brasil e Suíça na Arena Rostov na Rússia. Foto: André Mourão/MoWA Press.

Dois exemplos podem ser mencionados para ilustrar a tensão entre modelos de comportamento. Na semifinal do Campeonato Paulista de 2017, durante o clássico entre São Paulo e Corinthians, o zagueiro são-paulino Rodrigo Caio avisou ao árbitro Luiz Flávio de Oliveira que tinha sido ele – e não o atacante corintiano Jô – o responsável pelo pisão no goleiro Renan Ribeiro. O árbitro, ao ouvir o zagueiro, cancelou o cartão amarelo de Jô e evitou que o atacante fosse suspenso para a partida de volta. Esse gesto de Rodrigo Caio foi elogiado por muitos jornalistas, mas também foi criticado por colegas de profissão, que entenderam que faltou malícia ao zagueiro. Por sua vez, num jogo do Corinthians contra o Vasco da Gama pelo Campeonato Brasileiro de 2017, Jô marcou o gol da vitória com o braço e não reconheceu a irregularidade após a partida. Posteriormente, diante de críticas da imprensa, tentou argumentar que não teve a intenção de trapacear, embora tenha se omitido quando o árbitro validou o gol.

Jô se enroscou na rede depois de fazer gol com a mão contra o Vasco no Campeonato Brasileiro de 2017. Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians.

A divergência no modo como jornalistas e torcedores interpretam essas atitudes não é novidade no Brasil. Muitos defendem que os jogadores devem ser honestos e fazer “o que é certo”, enquanto outros entendem que os jogadores devem ser espertos e fazer “o que é melhor para o time”. O importante é perceber que os atletas apenas reproduzem escolhas e comportamentos vistos como legítimos por parcelas expressivas da sociedade brasileira.

Em 1976, numa propaganda televisiva para a marca de cigarros Vila Rica, o meia-armador Gérson, campeão pela seleção brasileira em 1970, afirmava: “Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro? O importante é levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também! Leve Vila Rica!” Embora Gérson respeitasse o fair play dentro de campo e não tivesse desvios de conduta na esfera pública, seu nome ficou associado a essa frase ambígua. Ninguém poderia imaginar que uma propaganda inofensiva pudesse causar repercussão negativa e tanta polêmica, ainda mais por se tratar de uma pessoa com credibilidade e ótima reputação.

Durante muito tempo, essa mensagem ambígua foi citada como exemplo de um comportamento social desprovido de ética, baseado na ideia de que é válido tirar vantagem das oportunidades de ganho que surgem, mesmo que implique em passar por cima de regras estabelecidas. A expressão “lei de Gérson” foi usada para explicar por que muitas pessoas não viam problema em sonegar impostos e desrespeitar leis de trânsito ou concordavam com o nepotismo e os favores prestados por políticos aos amigos. Em contraposição, alguns formadores de opinião tentaram desqualificar essa interpretação crítica (fundada em padrões éticos rigorosos) dizendo que é hipocrisia rejeitar um comportamento oportunista, que a maioria das pessoas não almeja virtudes republicanas e que não é errado aproveitar uma brecha da legislação em benefício próprio.

Outra propaganda que gerou polêmica teve como pivô o centroavante Ronaldo, campeão pela seleção brasileira em 2002, por causa da guerra comercial entre fabricantes de cerveja, em 2009. A Schincariol tentou tirar do ar um comercial da Brahma alegando que Ronaldo era ídolo das crianças e atleta de esporte olímpico, por isso não poderia associar sua imagem a bebidas alcoólicas. Além disso, argumentava que a propaganda sugeria que o sucesso de Ronaldo na carreira se devia ao fato de ele consumir cerveja. O Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) concordou que a propaganda feria regras do código de ética da publicidade brasileira e obrigou a mudança de duas cenas (Ronaldo dizia ser “brahmeiro”, passou a dizer “guerreiro”; e foi cortada a cena em que ele segurava um copo de cerveja).

É preciso esclarecer que, em 1976, não havia campanha de conscientização dos males causados à saúde pelo hábito de fumar; e, em 2009, não havia fiscalização para evitar o consumo de bebida alcoólica por menores de 18 anos. Ou seja, a sociedade brasileira era tolerante em relação a tais comportamentos sociais nas respectivas épocas.

A ideia de que “o mundo é dos espertos” voltou a polemizar a opinião pública em novembro de 2017, quando o treinador do Grêmio-RS, Renato Gaúcho, admitiu que o clube havia contratado um espião, que filmou treinos de equipes adversárias com um drone, inclusive para a final da Copa Libertadores da América. O argumento para justificar a espionagem com recurso tecnológico foi o seguinte: o futebol é como a guerra, todo treinador busca informações sobre o adversário para neutralizar suas principais armas e conhecer suas jogadas ensaiadas. E como o uso de espiões é bastante difundido no futebol brasileiro (e em muitos outros países), transformar a notícia num debate sobre ética seria, na opinião de Renato, uma “palhaçada”. Evidentemente, outros treinadores e muitos jornalistas discordaram frontalmente desse ponto de vista.

Renato Gaúcho, que posou com seu busto em 2017, defendeu todos os meios para se espionar um adversário e ainda afirmou: “O mundo é dos espertos”. Foto: Reprodução/Grêmio TV.

Certamente, o ideal seria que os ídolos do futebol dessem importância para questões éticas e inspirassem com suas ações as condutas dos jovens. Por exemplo, há iniciativas no campo da responsabilidade social, como a Fundação Gol de Letra, entidade sem fins lucrativos instituída em 1998 por Raí e Leonardo, campeões mundiais de futebol em 1994, com a missão de contribuir para a formação educacional e cultural de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social em São Paulo e no Rio de Janeiro. Outra iniciativa que merece ser mencionada é a Escola Zico 10, que atende milhares de crianças por meio de franquias e parcerias espalhadas em mais de 20 estados. Em 2010, o consagrado ídolo da seleção brasileira e do Flamengo transformou sua escola de futebol em projeto social, utilizando o esporte como ferramenta de construção de valores e de capacidades, com o propósito de reforçar nas crianças o prazer de estudar. Mas, infelizmente, atitudes filantrópicas ou de engajamento comunitário, direcionadas para a proteção social de crianças carentes e a formação de cidadãos, têm pouca visibilidade na mídia.

Por outro lado, há exemplos negativos que deveriam ser rechaçados. Em 2010, o centroavante Adriano, que ganhou o apelido de “Imperador” na Itália, foi intimado pela Polícia do Rio de Janeiro para explicar uma possível ligação com traficantes por causa de fotos nas quais aparecia com metralhadoras e fazia o sinal da facção criminosa Comando Vermelho. A assessoria de imprensa do atacante (que na época deixava o Flamengo) alegou que a arma na realidade era uma réplica usada para jogos de paintball. De qualquer modo, o jogador parecia não se importar com a associação de sua imagem pública com o uso de armas de fogo.

Outro comportamento reprovável foi demonstrado por Ronaldinho Gaúcho, campeão mundial em 2002. Ele e seu irmão foram condenados, em 2015, a demolir obras feitas num terreno localizado em área de preservação permanente e a pagar uma multa de R$ 800 mil por danos ambientais. Na sentença, a juíza considerou que houve desprezo à legislação e a agentes públicos e que os réus ignoraram o comando judicial proferido. Em 2018, o Ministério Público solicitou a apreensão dos passaportes de ambos, uma vez que se negaram a cumprir a sentença. Também em 2018, Ronaldinho ganhou na Justiça um processo de indenização por danos morais que moveu contra um empresário (ex-patrocinador do Fluminense), condenado a pagar R$ 350 mil porque disse em entrevista à imprensa que o jogador só queria saber de festas, bebida e sexo. A sentença reconhece que houve danos à sua imagem, utilizada inclusive na venda de produtos infantis e juvenis. Em 2007, a preocupação com sua imagem pública havia motivado o jogador a criar o Instituto Ronaldinho Gaúcho para desenvolver um projeto social com crianças e jovens em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre. Mas, o Instituto foi desativado em 2011 (tendo sido investigado por supostas irregularidades financeiras) e a solidariedade social foi deixada de lado.

Ronaldinho Gaúcho e Assis tiveram seus passaportes apreendidos por crime ambiental em 2018. Foto: Reprodução.

Também convém mencionar que alguns jogadores de futebol de origem social humilde gostam de demonstrar que “venceram na vida” e exaltar o sucesso alcançado. É sabido que, para a maioria da população brasileira, o sucesso profissional é medido pela remuneração obtida, não causando estranheza o fato de “novos ricos” do futebol quererem ostentar sua riqueza com a aquisição de artigos de grife e bens de luxo. Um exemplo de ostentação exagerada ocorreu em 2016, quando Sassá, atacante então vinculado ao Botafogo-RJ, postou em rede social uma foto sua com 4 maços de dinheiro em cada mão, gerando indignação de jornalistas e torcedores. O atleta excluiu a foto e se desculpou pela polêmica causada, alegando ter sido uma brincadeira, um mal-entendido.

O uso de redes sociais permite uma comunicação direta dos jogadores de futebol com seus fãs e seguidores. Em abril de 2014, o atacante Neymar, principal astro da seleção brasileira, lançou a campanha “Somos todos macacos” para combater atitudes racistas nos estádios, após episódio num jogo entre Villareal e Barcelona (uma banana foi jogada para Daniel Alves, seu colega, quando este se preparava para bater um escanteio, mas o lateral-direito levou na brincadeira). Com a ajuda de uma agência de publicidade, Neymar divulgou no Instagram uma foto sua ao lado de seu filho, Davi Lucca, na qual segurava uma banana descascada, enquanto o menino segurava uma banana de pelúcia. O texto dizia: “Somos todos iguais, somos todos macacos. Racismo, não.” Muitos artistas e futebolistas aderiram à campanha, entendendo que é preciso não levar muito a sério tais ofensas e deboches racistas e que a sátira desarma o agressor. Na época, Neymar era cobrado por não ser um militante combativo contra o racismo, apesar de ser alvo de insultos discriminatórios em estádios europeus. Provavelmente, seus assessores de comunicação recomendavam evitar comentários sobre o tema. Mas, naquele momento, sua postura mudou.

Aproveitando o engajamento de Neymar e de outros jogadores famosos, a FIFA lançou nas redes sociais uma campanha com a mensagem “Diga não ao racismo”, na véspera da Copa do Mundo de 2014. Porém, as ofensas racistas continuaram em vários países. Num jogo entre Grêmio-RS e Santos pela Copa do Brasil, em agosto de 2014, o goleiro Aranha (do Santos) foi insultado no final da partida por torcedores gremistas inconformados com a derrota (câmeras do canal ESPN Brasil flagraram torcedores chamando Aranha de “macaco” e fazendo sons imitando o animal). Quatro torcedores foram indiciados pela polícia por causa dos ataques racistas. Por sua vez, a CBF aplicou uma punição exemplar e excluiu o Grêmio-RS do torneio por racismo.

Aranha, então goleiro do Santos, denunciou racismo vindo da torcida do Grêmio na Copa do Brasil de 2014. Foto: Reprodução.

O fato é que existe racismo na Espanha, no Brasil, nos EUA e em vários outros países, mas o debate sobre o problema é distinto em cada sociedade. Qual a atitude correta? Como os jovens negros brasileiros devem se comportar diante de ofensas racistas? Ignorar a provocação dessas pessoas ignorantes, como fazia Pelé (e ainda fazem muitos atletas)? Reagir com indignação, como fez o goleiro Aranha? Levar na brincadeira ou de modo irônico, como fez Daniel Alves? Embora ofender verbalmente uma pessoa com referência à sua cor seja crime (injúria racial), a impunidade tem permitido que esse tipo de insulto continue frequente na sociedade brasileira.

Outro ponto polêmico diz respeito ao envolvimento de jogadores de futebol na vida política da nação. Um movimento marcante nesse sentido ocorreu entre 1982 e 1984: a “democracia corinthiana”. Foi uma iniciativa liderada por Sócrates, Wladimir e Casagrande, com o apoio do treinador, Mário Travaglini, e do diretor de futebol do Corinthians, Adílson Monteiro Alves. A opinião dos jogadores do time deveria ter tanto peso quanto a de membros da comissão técnica, o que possibilitou mudança de regras da “concentração” e garantiu o direito ao consumo de bebidas alcoólicas em público. Por sua vez, a liberdade de expressar opiniões políticas (num contexto histórico de superação da censura imposta pela ditadura militar e de reivindicação dos direitos políticos dos cidadãos) foi vista pela grande imprensa como uma conquista alinhada com o desejo da maioria da população, em especial durante a campanha das “Diretas já!” em 1984.

Democracia em preto e branco: Sócrates, Casagrande e Wladimir, jogadores e líderes do Corinthians no início dos anos 1980. Foto: Divulgação.

É sabido que jogadores famosos, atualmente, usam suas contas nas redes sociais para anunciar sua preferência partidária ou posicionamento político. Mas, um episódio recente chamou a atenção: a entrevista do volante Felipe Melo, do Palmeiras, duas semanas antes do primeiro turno das eleições de 2018, que ao final da partida contra o Bahia pelo Campeonato Brasileiro, transmitida pela Rede Globo, dedicou seu gol ao candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro. Em oposição, muitas torcidas organizadas de times brasileiros se manifestaram contra a candidatura de um político visto por elas como fascista e racista. O próprio Barcelona (clube que sempre defendeu a democracia) divulgou um comunicado estranhando o posicionamento político de Ronaldinho Gaúcho (um de seus “embaixadores”), divulgado em sua conta no Twitter, e deixando entender que ele não poderia mais representar o clube. Contudo, em simultâneo, grupos de torcedores de grandes clubes passaram a entoar cânticos homofóbicos em sintonia com o discurso de Bolsonaro. Pode-se dizer que a divisão de opiniões políticas invadiu os estádios de futebol e indagar se a maioria dos jogadores famosos, com seus “supersalários”, defendeu a candidatura que não representava ameaça a seus interesses e convicções pessoais.

Não se pode esquecer que, nas últimas décadas, alguns ex-jogadores se candidataram para cargos políticos. O mais conhecido é Romário, campeão mundial em 1994, que se elegeu deputado federal pelo PSB-RJ em 2010, depois senador em 2014. Sua atuação se concentrou em duas áreas: política de esporte e direitos de pessoas com deficiência (ressalte-se seu empenho, em 2015, na aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência). Em 2015, assumiu a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol, que deveria investigar crimes de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção, formação de quadrilha e estelionato envolvendo a CBF e o Comitê Organizador da Copa do Mundo. Por outro lado, foi defensor do legado prometido pelos organizadores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Em 2017, Romário se transferiu para o Podemos-RJ. Em 2018, ao se candidatar para governador do Rio de Janeiro, afirmou que a principal crise do estado era de ordem moral. Seus adversários políticos exploraram o fato de ele ser acusado de ocultação de patrimônio para evitar o pagamento de dívidas e de ter sido preso (em 2009) pelo não pagamento de pensão alimentícia. No caso de pessoas famosas, é difícil tratar separadamente a questão ética na esfera privada e na esfera pública.

Deputado federal, Romário discursava, em 2014, durante sessão especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Síndrome de Down. Foto: Pedro França/Agência Senado.

O que interessa frisar, aqui, é a influência ambígua exercida pela figura pública de Romário, menino criado numa favela na Vila da Penha, que ficou rico jogando bola e, na maturidade, tornou-se senador da República. Quais condutas têm maior influência entre os jovens? A sua trajetória profissional, como a de tantos outros ídolos, reforça o discurso da meritocracia e do sucesso individual, sem preocupação com mobilizações coletivas e reproduzindo uma visão negativa do Estado (daí a aversão ao pagamento de impostos). Posteriormente, sua atuação política no âmbito do futebol se concentrou no combate à corrupção (e à impunidade) dos donos do poder, mas acabou se aliando a forças políticas liberal-conservadoras, que também foram acusadas de corrupção e enriquecimento ilícito. Por outro lado, sua atuação política no âmbito da luta pelos direitos humanos e pela inclusão social é exemplo de construção da cidadania, reforçando um discurso progressista, transformador da sociedade (em sintonia com a Constituição Federal).

Concluindo, deve-se reconhecer que muitos ídolos do futebol nacional exercem influência sobre o comportamento social de seus fãs e seguidores, em diversas dimensões e de diferentes maneiras. A maioria dos jogadores e ex-jogadores que estão em evidência na mídia se preocupa com a sua imagem pública, aparentemente, apenas em razão de cláusulas de contratos de patrocínio. Mas, a maioria deles talvez não tenha consciência de que podem ser vistos, principalmente por crianças e adolescentes, como “modelos” ou “referências” de comportamento. E, como foi mostrado, muitos ídolos desrespeitam o que pode ser considerado como um padrão ético socialmente desejável e podem assumir posições contraditórias ao longo de sua trajetória. Entretanto, não se pretende, aqui, fazer juízos de valor. O importante é entender que as atitudes e falas desses personagens refletem visões de mundo e normas de conduta amplamente aceitas na sociedade brasileira e que mudam muito lentamente. E que o mundo do futebol acaba sendo, em última instância, reflexo das tensões e contradições inerentes à própria sociedade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 14 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Marcelo W. Proni

Docente do Instituto de Economia da UNICAMP.

Como citar

PRONI, Marcelo Weishaupt. Jogadores de futebol são modelos de comportamento para jovens no Brasil?. Ludopédio, São Paulo, v. 125, n. 31, 2019.
Leia também:
  • 172.6

    Intolerância

    Marcelo Weishaupt Proni
  • 150.9

    5 toques de análises econômicas sobre futebol, por Marcelo Proni

    Marcelo Weishaupt Proni, Raphael Rajão Ribeiro
  • 145.45

    A transformação dos Jogos Olímpicos: comparando Tóquio 1964 com Tóquio 2020

    Marcelo Weishaupt Proni