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Uma torcida que quer voltar para casa

Gil Luiz Mendes 5 de janeiro de 2020

Distante de sua gente, do seu estádio e dos bons resultados, o Náutico foi do sonho com dias de glória na Arena Pernambuco a uma crise técnica e financeira sem precedentes. Fomos entender o que deu errado no caminho e por que retorno aos Aflitos parece ser a tábua de salvação.

Uma torcida que quer voltar para casa. Foto: Clélio Tomaz.

Quando a bola sobrou a poucos passos da pequena área, depois de ser alçada da intermediária, o relógio marcava 19 minutos do segundo tempo. Araújo, que era a grande surpresa da escalação do técnico Alexandre Gallo, foi o responsável por empurrá-la para o fundo do gol. O placar de 1 a 0 contra o Sport, naquele 2 de dezembro de 2012, colocava o Náutico na Copa Sul-americana — 45 anos depois, o time voltaria a disputar uma competição internacional.

A vitória do Náutico no Clássico dos Clássicos valeu muito mais. O placar magro decretou o rebaixamento do rival para a segunda divisão. Em meio a tanta euforia e provocações, não sobrou espaço para o saudosismo. Muitos não se deram conta, mas o estádio dos Aflitos, o caldeirão vermelho e branco, que naquela tarde recebeu um público de 20.100 torcedores (sua lotação máxima na época), estava a poucos minutos de tornar-se passado. O futuro do campo da avenida Rosa e Silva era ser memória.

Só um alvirrubro muito pessimista, daqueles que não sonham e nem enxergam nada com um mínimo de paixão, imaginaria que a vitória na 38ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2012 seria última grande conquista do time. Os anos que viriam a seguir eram promissores. Estádio novo, moderno, digno de receber partidas da Copa do Mundo que se aproximava. Dinheiro em caixa não faltaria. A conta era de R$ 500 mil mensais, R$ 6 milhões por ano. Por 30 anos.

A raiz de toda frustração é a expectativa. Imprensa, torcedores, diretoria. Todos acreditavam que o Náutico alcançava outro patamar. Pela primeira vez em muito tempo poderia brigar de igual para igual com os principais times do país e até do continente. Para muitos, o clube centenário estava no lugar onde merecia.

“A meta é fazer do Náutico um dos 10 maiores clubes do país”, afirmou ao Diário de Pernambuco o então presidente do Conselho Deliberativo, André Campos, após a reunião que definiu que o clube jogaria no novo estádio.

A Arena Pernambuco foi esta tábua de salvação. O equipamento esportivo seria o responsável por dar ao Náutico tudo aquilo que ele jamais teve. Estrutura, modernidade e poder de investimento. Levaram quase tudo para São Lourenço da Mata. Time, expectativas e sonhos. Só esqueceram de levar a alma do clube. Esta ficou abandonada em algum lugar das arquibancadas do estádio Eládio de Barros Carvalho.

Arena Pernambuco antes de Náutico x Juventude pela Série B, no dia 11 de julho. Foto: Clélio Tomaz.

Uma arena em busca de um time

Retiradas as últimas famílias do Loteamento São Francisco, os trabalhos para a construção da Arena Pernambuco começaram em dezembro de 2010. A obra foi tocada pela construtora Odebrecht e teve um custo total de R$ 743 milhões, 55% a mais do que o valor previsto, de R$ 479 milhões. Segundo a Operação Fair Play da Polícia Federal, deflagrada em 2015, houve um superfaturamento R$ 42,8 milhões. Na ocasião a PF fez buscas no escritório da empreiteira no Recife, no Comitê de Gestão Público Privada do governo de Pernambuco e em uma residência. Na Arena, computadores e documentos foram recolhidos, mas ninguém foi levado para prestar depoimento.

Nos planos vendidos para sediar a Copa do Mundo, no entorno da Arena haveria toda uma cidade com escolas, hospitais e hotéis. Hoje, porém, só existe um estádio de futebol rodeado de terra por todos os lados. Prevendo a possibilidade de o empreendimento se tornar um elefante branco depois da Copa do Mundo, o Governo de Pernambuco e a Arena Pernambuco Negócios e Participações, consórcio formado por duas empresas pertencentes a Odebrecht, precisavam de um time que desse utilidade ao negócio.

Os três principais clubes do Recife foram assediados para mandarem seus jogos em um local a 22 quilômetros de distância do centro da cidade. Todos com seus estádios próprios, mantiveram-se em uma postura no mínimo cautelosa a cada proposta. Após muitas reuniões, o único clube que cedeu às investidas foi o Náutico. Em troca, recebeu inúmeras promessas.

“Quando o contrato foi feito no final de 2011, ele foi submetido ao Conselho Deliberativo e foi aprovado por uma maioria esmagadora. Havia uma série de vantagens. Jogando a Série A ganharia R$ 500 mil por mês e na B, R$ 350 mil. Além de ter um hotel completo construído no CT do clube, no valor de R$ 6 milhões, e a construção de mais um campo e a reforma de outro”, relata Berillo Júnior, presidente do Náutico na época do fechamento do acordo.

Com a maior receita da história em suas mãos, com um estádio novo, disputando a primeira divisão do campeonato brasileiro e a Copa Sul-americana, 2013 tinha tudo para ser o ano mais promissor dos mais de cem anos do clube. No entanto, a má administração do clube, somada a um catastrófico desempenho dentro do campo, fizeram com que aquele ano fosse marcado como o início de uma grande crise que dura até hoje.

Média de público vem caindo ano a ano na Arena Pernambuco. Foto: Clélio Tomaz.

O ano que deu errado

A estreia do Náutico em sua nova casa foi pomposa. Amistoso internacional em 22 de maio de 2013. Empate em 1 a 1 contra o Sporting Lisboa e público de 26.803 pessoas, mais do que caberia em seu antigo estádio. Os torcedores percebiam que o clube estava crescendo. Boa parte não aceitava as críticas de que o estádio era público e não do alvirrubro. Não demorou muito tempo para realidade bater à porta e mostrar que nem tudo eram flores.

Dezessete dos 19 jogos como mandante no Brasileiro daquele ano foram na Arena. Neles o Náutico perdeu 12 vezes, empatou duas e venceu apenas cinco. Tomou 30 gols e balançou as redes apenas 12. Um ano antes a campanha do Timbu foi bem diferente. Terminou o Brasileiro de 2012 na 12ª colocação, com 14 vitórias, sendo 13 nos Aflitos. Dentro de casa, o Náutico só perdeu três jogos naquele campeonato.

Dinheiro na mão é vendaval. O verso imortal de Paulinho da Viola é a melhor definição do que foi 2013 financeiramente para o Náutico. O clube encerrou o ano com uma receita recorde de R$ 48 milhões. Por outro lado, aumentou sua dívida que era R$ 72 milhões em 2012 e fechou no ano seguinte em R$ 87 milhões.

“Aquele ano que seria o divisor de águas para o bem e terminou sendo para o mal. O que a torcida chamava de Arena Timbu não se tornou a casa do Náutico e virou um problema. Ser eliminado pelo maior rival na Sul-Americana também teve um impacto. E politicamente foi o ano de maior divisão dentro do clube. O presidente Paulo Wanderley saiu de forma traumática e o clube terminou o ano sendo comandado por um colegiado formado por 16 pessoas de diferentes posicionamento, o que foi terrível”, pontua Cabral Neto, comentarista da TV Globo e dos canais Sportv.

O Brasileiro de 2013 terminou com o Náutico rebaixado na última posição, com apenas 20 pontos dos 114 disputados, um aproveitamento de 17,5%. A queda matemática ocorreu a seis rodadas do fim da competição. Desde 2006, quando o Brasileirão passou a ter 20 times, o desempenho do Náutico só não foi pior que o do América de Natal, que em 2007 terminou com 17 pontos e foi rebaixado com sete rodadas de antecedência.

O radiologista Cláudio Quirino preferiria apagar os últimos anos do Náutico. Junto com amigos no estacionamento da Arena Pernambuco, momentos antes do seu time enfrentar o Juventude, então líder da série B, lembrava da empolgação que tinha ao ir Arena Pernambuco quando ela era uma grande novidade para torcida alvirrubra, mas lamenta que o clube tenha se perdido dentro da própria ganância. “Eu gostei muito quando o Náutico veio pra cá. Esse campo é mais confortável e bonito, mas só fizemos apanhar aqui. Paulo Wanderley e Glauber Vasconcelos só fizeram terminar de quebrar o Náutico. Onde foi parar todo o dinheiro que a gente ganhou para vir jogar aqui?”.

Nem Paulo Wanderley, presidente do Náutico no biênio 2012/2013, e nem Glauber Vasconcelos, presidente no biênio 2014/2015, retornaram os contatos feitos pela reportagem.

Na torcida, permanece a ideia de que o Náutico era quase imbatível nos Aflitos. Foto: Clélio Tomaz.

A alma não foi na mudança

A cena se repete em quase todos os jogos desde que o Náutico começou a mandar seus jogos na Arena Pernambuco. Quem assiste às partidas pela TV vê uma grande mancha vermelha nas arquibancadas formada por cadeiras vazias. A visão de dentro do estádio não é muito diferente. Jogar com a maior parte da capacidade desocupada virou rotina para o Timbu nos últimos anos.

O desinteresse do torcedor em comparecer à longínqua arena de São Lourenço da Mata se revela nos números. Em 2013, ano em que o clube começou a mandar seus jogos no novo estádio e ainda havia o programa do governo estadual que subsidiava ingressos, a média de público foi de 12,5 mil torcedores. De lá para cá só fez cair: 6.248 em 2014, 6.076 em 2015 e 5.843 na série B do Campeonato Brasileiro de 2016, competição onde o Náutico lutou até a última rodada pelo acesso. Este ano a média de público caiu ainda mais e fica em pouco mais de três mil pagantes por partida.

Chegar na arena é uma verdadeira odisseia. Não existe linha de ônibus que saia do Recife em direção ao estádio, a estação de metrô mais próxima fica a mais de dois quilômetros e as vias que dão acesso para quem vai de carro ficam entre as mais engarrafadas da capital pernambucana em horário de rush. Se jogo for às 22h, o cenário de volta para casa é ainda mais apocalíptico.

Google Maps mostra as “melhores” opções para ir de ônibus dos Aflitos até a Arena Pernambuco.
“Eu gostaria de vir mais, mas é impossível. Quando venho de carro não posso beber, já vim de metrô e é coisa de maluco. Nesse aspecto sinto falta dos Aflitos porque o ônibus parava quase na frente do campo”, diz o torcedor Gustavo Pontes, momentos antes do jogo contra o Juventude.

Além da logística, o sentimento do torcedor alvirrubro em relação ao estádio é de estar em um lugar que não é seu. “A Arena afastou o torcedor do time. A mobilidade para chegar lá sempre foi um problema. A torcida foi se acostumando a ver o jogos do Náutico pela televisão. Isso é um fator muito negativo atribuído à Arena”, comenta João de Andrade Neto, repórter do Diário de Pernambuco.

Ídolo Kuki hoje atua na comissão técnica. Foto: Clélio Tomaz.

O mito dos Aflitos

Na cabeça do torcedor do Náutico e dos adversários o estádio Eládio de Barros Carvalho tem poderes sobrenaturais. É sinônimo de alçapão. Ali tem pressão descomunal no adversário, grama alta onde só os jogadores da casa estão acostumados a atuar, alambrado perto da linha lateral fazendo com que a arquibancada seja quase dentro do campo.

Essa aura quase sobrenatural e folclórica serve para os mais apegados ao inexplicável. Relembrando fatos históricos e o desempenho do time, é possível afirmar que os Aflitos não tem todo esse peso comumente empregado a ele. Um dos mais céticos sobre esse assunto é alguém que conhece como poucos os imaginários atalhos para o gol que existem naquele campo.

Kuki, segundo maior artilheiro da história do Náutico com 184 gols, admite que o estádio do Náutico tem a sua importância histórica, mas que a estigma colocada em cima dele foi criada como desculpa pelos adversários quando jogavam lá. “Sempre foi assim. Basta você ouvir todas entrevistas pós-jogo em qualquer estádio do Brasil, o cara do time adversário sempre diz que é difícil jogar naquele campo. Quando vinham jogar nos Aflitos já usavam isso como desculpa para uma eventual derrota”, disse Kuki, que hoje trabalha na comissão técnica do Náutico, nos corredores da Arena Pernambuco, antes da partida contra o Juventude.

Muitos torcedores Timbu nunca viram o time dar uma volta olímpica em seu estádio. Atualmente o clube alvirrubro amarga uma fila que dura desde 2004, quando foi campeão pernambucano pela última vez. Sua conquista de maior expressão, o hexacampeonato estadual, completa meio século em 2018. Depois desse período o Náutico só conquistou sete títulos e a última fez que levantou uma taça dentro de casa foi em 1974, todas as outras foram no estádio do Arruda.

“Em 50 anos o Náutico conquistou apenas sete títulos e passou longos períodos, de mais ou menos dez anos, sem vencer um campeonato. Ele viu o Sport ser penta duas vezes e o Santa ser penta uma vez. Isso é muito pouco para um time da grandeza do Náutico”, explica Cabral Neto.

Arquibancadas do estádio só não estão piores porque um sócio põe os funcionários de sua empresa a fazer a manutenção. Foto: Clélio Tomaz.

Impacto da arena

Os alvirrubros mais radicais e saudosos praguejam aos quatro ventos todo tipo de maldição para quem teve a ideia de inventar a Arena Pernambuco. Os dirigentes e defensores do empreendimento também não escapam impunes dos xingamentos mais ardilosos. Para esses torcedores, que não medem palavras para proferir os impropérios, o estádio de São Lourenço da Mata não trouxe nada de bom para o seu time.

“Fez hotel, ajudou no CT, mas e dentro de campo? O time é essa merda aí. Aliás, o Náutico não teve um time decente desde que veio jogar aqui. Mas a culpa não é só do campo não. Nunca vi estádio comprar jogador. A culpa é desses dirigentes que só fazem roubar o Náutico. Mas uma coisa é certa: esse campo é amaldiçoado. Nunca deu uma única alegria a torcida”, bradava o aposentado Laércio Pimentel antes da partida contra o Juventude.

A fase do Náutico não é nada boa. Desde do início da Série B deste ano, a equipe ocupa a última posição. Só veio a vencer na 12ª rodada, após uma sequência de nove derrotas e dois empates. A crise fez o clube contratar cinco técnicos em 2017. O atual treinador, Roberto Fernandes, contratado no começo de agosto, assumiu o time pela quarta vez em sua carreira. Como em 2007 e em 2008, tem a missão de salvar o time de um rebaixamento. Antes dele passaram pelo clube este ano Dado Cavalcanti, Milton Cruz, Waldemar Lemos e Beto Campos.

Durante o mês de maio jogadores do elenco rescindiram seu contrato com o clube por falta de pagamento. Até aquele momento apenas os salários do mês de maio haviam sido pagos. “Sentei para tomar café e vi funcionário chorando no dilema entre pagar a quem deve ou comprar o que comer para casa. É um ambiente difícil para futebol, difícil para ter foco no campo”, confessou o atacante Anselmo em entrevista coletiva na época.

Com duas vitórias seguidas nas rodadas finais do primeiro turno, o Náutico terminou a primeira metade da competição com 14 pontos. Aqui, um alento: é a “melhor” campanha no primeiro turno entre os lanternas de todas as edições da B desde 2006, segundo dados da plataforma P14nt40.

Depois de conseguir a primeira vitória no campeonato dentro de casa contra a Luverdense, o técnico Roberto Fernandes é cauteloso sobre o futuro do Náutico na competição. “Na situação que o Náutico está, dentro de uma realidade de pontuação, nada é mais importante do que vencer. Cabe ao treinador e à comissão técnica entender que a vitória não pode esconder nada, fazer com que a gente pense que está tudo bem. Precisamos melhorar como um todo. Ninguém faz uma campanha com tão poucos pontos apenas por uma situação”, declarou o treinador em entrevista coletiva.

E não é a Arena a causadora dos males que o time vem sofrendo, pelo menos na opinião de João Andrade Neto. “Ela não é causa dos problemas do Náutico, ela também faz parte de um contexto muito maior, que passa por más administrações, que explica a crise que o time vive hoje”.

A relação do clube com o estádio piorou de vez quando no ano passado o governo de Pernambuco rescindiu o contrato com o consórcio que administrava o espaço e repassava o montante financeiro mensal para o Náutico. A parceria com o time que deveria durar 33 anos valeu apenas por três e a maior fonte de renda do time secou de uma hora para outra, trazendo mais prejuízos para uma gestão que já não andava bem.

“O contrato foi rescindido de forma unilateral e o Náutico tem que ir à Justiça. O contrato só foi cumprido em 10% do tempo que foi prometido, enquanto a Odebrecht firmou um acordo com o governo do Estado que vem pagando uma multa a construtora e ela não repassa nada para o clube. Eu acho que isso não é justo. O Náutico não foi ouvido nessa questão”, explica Berillo Júnior.

No acordo que tem atualmente com o governo de Pernambuco, que passou a administrar o equipamento, o clube não desembolsa nenhum valor para jogar no estádio de São Lourenço da Mata, e ainda assim ficaria com 90% do lucro das bilheterias a cada jogo. Porém, quase nunca esse valor chega aos cofres alvirrubros. Os custos de cada partida do Náutico na arena são maiores do que se apura com a venda de ingressos. O prejuízo é pago pela administração pública, que por sua vez desconta esse débito nas raras vezes em que o número de torcedores é suficiente para cobrir os custos operacionais. Em resumo, o Náutico não paga para jogar na Arena Pernambuco, mas também não ganha nada mandando os seus jogos lá.

Presidente eleito, Edno quer que o Náutico retorne aos Aflitos. Foto: Clélio Tomaz.

Bem-aventurados os Aflitos

No evangelho de São Lucas, Jesus conta a história do filho que pediu sua parte da herança, gastou tudo em festas e farras, e depois, arrependido, foi perdoado pelo pai e pode retornar ao lar. Se é possível fazer uma analogia, o Náutico é o filho pródigo e a torcida é esse pai bondoso que, mesmo depois de ver o time abandonar as origens e o que sempre foi seu, se alegra ao saber que o time está voltando para casa.

Com a bandeira de resgatar os Aflitos, Edno Melo foi eleito por aclamação, em julho, o novo presidente do clube. O mandato só terá início em janeiro de 2018, mas Melo já vem trabalhando, junto com um grupo formado por sócios do clube, para que o Náutico possa voltar a jogar em seu estádio já no primeiro semestre do próximo ano. Segundo ele, é necessário levantar um valor alto de dinheiro para que seu plano se concretize.

“Montamos um grupo que chamamos de Comissão Paritária, que reúne pessoas de diferentes posições dentro do clube, e hoje esse retorno aos Aflitos é uma realidade. O custo para reabrir o estádio são de R$ 3,5 milhões. Isso sem fazer grandes mudanças na estrutura. Já temos alguns investidores que aceitaram o desafio e a comissão está em busca de novos parceiros que queiram investir no estádio”.

O cenário quando se entra no Eládio de Barros Carvalho atualmente é desolador. O gramado por onde desfilaram grandes ídolos do clube não existe mais. Mato e ervas daninhas tomaram conta do lugar. As arquibancadas, tão sagradas para os torcedores, só não estão em uma situação pior porque o sócio do clube Eduardo Carvalho, dono da Real Conservadora, disponibiliza funcionários de sua empresa para fazer a limpeza e manutenção do lugar.

É consenso entre todas as pessoas que foram ouvidas nesta reportagem que Náutico precisa resgatar a sua identidade e isso acontecerá quando o clube voltar para os Aflitos, pois lá é seu lugar. Mas apenas retornar ao seu estádio de origem não resolverá todos os problemas do clube. Esse movimento de retorno é só uma parte. Por mais difícil que seja hoje a situação do time, o torcedor alvirrubro ainda sonha. Sonha pelo menos ter um lugar onde se sinta em casa.


Publicado originalmente no Puntero Izquierdo em 2017, que é uma revista digital de publicação de histórias de futebol.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Gil Luiz Mendes

Jornalista e escritor com textos publicados na Revista Fórum, Carta Capital, El País, Agência Pública e Puntero Izquierdo. Comanda o podcast Baião de Dois, na Central 3, sobre futebol e cultura nordestina

Como citar

MENDES, Gil Luiz. Uma torcida que quer voltar para casa. Ludopédio, São Paulo, v. 127, n. 5, 2020.
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