Nesse artigo, a questão temporal se revela fundamental para compreender os sentidos que o futebol varzeano desperta nas memórias dos moradores de um bairro periférico da cidade de São Paulo. As narrativas revelam uma contínua reelaboração das percepções de um passado rememorado – do que “era” o futebol de várzea – frente às vivências e transformações do presente. Construídas por diversos atores vinculados ao futebol varzeano, em ritmos temporais marcados por rupturas e lacunas, tais depoimentos e memórias escudam a proposta de uma etnografia da duração, que articula a rememoração de eventos e percepções do passado às reflexões e experiências vividas pelos citadinos no presente, no tempo da interação etnográfica, para impulsionar a compreensão de narrativas biográficas e processos sociais.
Palavras-chave: Futebol de várzea, Etnografia, Narrativa.