O presente ensaio pretende problematizar o mito de que o futebol seja um espaço de alienação política e de que futebol e política não se misturam. Partindo da crítica a posicionamentos contrários ao diálogo entre estas duas esferas, procuro discutir a condição do futebol enquanto linguagem universal e a singularidade de sua margem narrativa improdutiva, como constituintes de sua potência como agente de mobilização das juventudes. Discuto ainda a emergência de movimentos como as mobilizações de torcedores antifascistas e sua importância na disputa de narrativas para a resistência contra projetos autoritários, obscurantistas, antidemocráticos. Neste sentido, superando o binarismo do dilema entre veneno ou remédio, considero que a mistura entre futebol e política é necessária em uma sociedade que incorpora esta prática social em sua identidade nacional e que anseie preservar os pilares do estado democrático de direito em meio à escalada de discursos autoritários.
Palavras-chave: Futebol. Política. Democracia. Linguagem.