Articulamos neste paper duas noções, sociabilidade e sofrimento, inserindo as Torcidas Organizadas de futebol no fluxo da pandemia do coronavírus. Ora situadas em contraposição, ora em colaboração com segmentos do futebol profissional e órgãos estatais, as TOs carregam o peso simbólico das essencializações metafóricas que as contextualizam a partir de um conjunto de estereótipos que, em termos gerais, recaem sobre as classes populares, de onde historicamente vicejaram expressões como “classes perigosas” e “comportamentos transgressores” de sujeitos ocupando e produzindo espaços lúgubres e de insurgências morais, políticas e enfermas. A partir das iniciativas aqui apresentadas buscamos discutir em que medida de posse de algumas propriedades simbólicas de gerenciar o sofrimento, como parte das redes populares de proteção, as TOs paulistanas circunscreveram um lugar político e comunitário no domínio da sociabilidade futebolística na cidade de São Paulo.