15.2

Ewerthon (parte 2)

A entrevista faz parte do projeto Memórias dos boleiros: histórias de vida de atletas e de integrantes de comissões técnicas brasileiras que atuaram no exterior. Esse projeto foi fruto de uma parceria entre LUDENS-USP, Museu do Futebol e o portal Ludopédio.

Esse projeto tem como proposta reunir as histórias de vida de jogadores de futebol e de integrantes das comissões técnicas que tenham atuado no exterior. Ao optarmos pela história de vida, teremos acesso a uma série de discursos até então pouco investigados. Isso pode ser verificado quando se recorre à história do futebol e se percebe que existe uma história que é considerada “oficial”. Essa pesquisa será uma forma de ampliar discussões sobre o futebol a partir da história de vida dos jogadores e integrantes das comissões técnicas. A história oral será o método adotado para a construção de um diálogo com o referencial teórico das Ciências Humanas, mais especificamente a produção da Antropologia, da História e da Sociologia. Por meio da história de vida, ainda será possível registrar memórias, histórias e experiências dos sujeitos mencionados, além da criação de um banco de vídeos com as entrevistas realizadas de modo a constituir um acervo para preservar a elaboração de tal memória, quer se refira de modo restrito à carreira dos mesmos, quer, de modo geral, ao futebol brasileiro.

Ewerthon. Foto: Museu do Futebol.
Ewerthon. Foto: Museu do Futebol.

Segunda parte

Quais as maiores diferenças? Do que você sentia mais falta do Brasil? O que você via positivamente no exterior em relação a aqui, além do que você já contou?

Bom, a diferença é sua cultura. Não adianta, nós somos brasileiros, nós somos alegres, nós somos divertidos, gostamos de fazer amizade, gostamos do nosso samba, gostamos de tomar nossa cerveja, e lá fora você não tem. Lá fora você tem uma vida muito só, você fica muito solitário. Se você não levar seus familiares ou amigos, você vive só, porque eles não te integram dentro do mundo deles, entendeu? É muito difícil. A Espanha é um pouco mais fácil, já na Alemanha é muito mais difícil, mas a cultura deles é totalmente diferente da nossa. Culturalmente é um choque muito grande, essa é a diferença. Eu já fui para a Rússia, para o Qatar, são lugares que eu nunca imaginei pisar e tive que ir, e é diferente. O que um jogador não pode fazer é sair do Brasil e querer vivenciar o Brasil. Você não pode sair daqui para viver lá no exterior e querer viver igual você vivia no Brasil, aí eu vou falar para você: “Você vai ficar louco”. O cara vai ficar louco, não tem jeito, porque aqui você tem amigos, aqui você pega o telefone de pessoas toda hora. Aqui a gente pode conversar cinco minutos e daqui a pouco: “Pô, vamos almoçar ali?” O brasileiro é assim, você acaba fazendo amizade muito fácil. Já o europeu não, o europeu não te dá essa abertura. Ele é profissional, e fora ele tem a vida dele, tem o mundo dele, tem a maneira dele. Se você está bem ou mal, eles não estão nem aí: “Legal, bacana…”

Além de eles serem mais fechados, como você disse, você notou algum tipo de preconceito contra o estrangeiro no exterior?

Sim, claro, muito. É normal. Não deveria existir, essa é a grande verdade. Não deveria existir, mas ele existe. Eu disse que o único país que você vai e o cara é valorizado mais que nós é o Brasil. Todo mundo que vem ao Brasil é super bem valorizado, super bem integrado, vai você para o país deles que você vai ver. Eles não te dão essa abertura. Então claro que existe, porque o modo de pensar deles é que você está indo roubar. Agora com essa crise, quando eu digo crise não só é europeia é mundial, tem cara que diz que você vem roubar, vem pegar o dinheiro deles, o trabalho deles, as coisas deles, esse é o pensamento que eles têm, entendeu? Então o europeu, por ser europeu e você ser sul-americano, nós sermos sul-americanos, já se vê superior, porque eles acham que aqui é terra de índio. Muitos acham que no Brasil ainda existe índio correndo pelado na Avenida Paulista, essa é a verdade. E não é assim, mas eles se veem superiores nessa situação.

Como você teve essa visão? Foi conversando, foi no dia a dia? Ocorreram situações que te mostraram isso?

Bom, no dia a dia você acaba vendo, percebendo, identificando. Eu sou um cara muito observador. Sou muito extrovertido, sou muito brincalhão, mas, vinte e quatro horas do meu dia, eu sou observador, então eu observo, vejo, percebo. Eu fui numa situação profissional, diferente de uma pessoa normal, mas eu tinha irmão, eu tinha prima, eu tinha pais, eu tinha amigos, que não tem a mesma posição, digamos “com a sociedade”, igual a minha. Então você vê, eu chegar no restaurante “Ah! Chegou fulano de tal…” Normal, respeita. “Ah! Chegou meu irmão!”. “Ah! Tudo bem, mas… brasileiro, negro, como está num lugar desses? O que ele faz, com que trabalha, como ganha dinheiro?”, é assim. E não é só lá. O Brasil é um país extremamente racista, essa é a grande verdade. Não digo racista só com classe social, nós somos racistas com o cultural, racistas com o racial, e isso é de dentro do nosso país, essa é a grande verdade. A gente não pode mentir. Então eu digo: eles são, mas eles te respeitam. Aqui as pessoas são e não te respeitam, essa é a verdade, porque aqui, infelizmente, não é que nosso país é pior, não, é a educação. Eles são educados de uma forma e nós somos educados de outra forma. Então, isso são coisas que existem no mundo, em geral. Claro que aqui a proporção vai ser maior porque nosso país é mil vezes maior do que o país deles. Mas eu não me apego a essa coisa, nunca me apeguei a esse lado.

Mas aconteceram inúmeras situações nesse sentido com seus familiares no exterior?

Aconteceram, não só comigo. Eu vou falar para você, de coração: eu não tive problema racial. Eu tive problemas de jogar em alguns estádios da Espanha e eles imitarem som de macaco, e isso me motivava porque macaco eu não sou, eu sou negro, é diferente, ponto. Na Alemanha, não posso falar para você que aconteceu alguma coisa de racismo não. A questão racial comigo, não. Mas é normal, são níveis, as pessoas são de níveis. Se eu sou um jogador de futebol, então eu tenho que andar igual a todo mundo, usar um correntão, um boné de aba reta e não saber falar, me expressar, me articular, então não posso viver no mundo de um cara que é empresário, que, teoricamente, faz coisas três, quatro vezes piores que as do jogador de futebol, mas, pela exposição, jogador de futebol não tem nível, é favelado, é mulherengo, é festeiro, é não sei o que, sendo que a outra parte faz três, quatro coisas piores. Pela questão da mídia, por não aparecer na mídia, não ter um trabalho de massa, de milhões, que as pessoas gostam, ninguém fala nada. Só que são coisas da vida que você tem que passar, é o preço. Cada um tem seu preço, infelizmente é assim.

Lá na Espanha, esses gritos vieram da torcida para você, para colegas?

Bom, vieram para mim. Eu tive uma passagem até com apoio. Tive uma passagem com o Eto’o também, que nós estávamos jogando a Liga, e num determinado momento, o estádio praticamente inteiro começou a fazer som de macaco para ele, e ele ia abandonar o jogo. Ele não queria jogar mais até recentemente, acho que um ano atrás, dois anos atrás. Ele até acabou citando meu nome, quando eu ainda estava no Anzhi, porque eu fiz ele repensar no que estava acontecendo. Eu cheguei nele e falei: “Olha só, você vai parar de jogar por quê? Por causa desses babacas?” — Porque para mim, desculpa, não gosto de usar esse termo, essa palavra — “Por causa dessas pessoas?” Grande aqui é você! Então, faz o seguinte: joga. Não dá esse gostinho para eles. Do outro lado, que é o lado que eles torcem, que eles comemoram, também tem negro, e aí? Do mesmo jeito que está te ofendendo, está me ofendendo também. Eu também sou negro.” Dentro disso, ele repensou essa situação e acabou terminando o jogo. Quando acabou o jogo, eu disse que era lamentável porque não estavam fazendo isso com o jogador Eto’o, e sim o cidadão. E dentro do que se faz com o cidadão negro — ele é negro, eu sou negro, meu filho é negro, meus pais são negros — você está ferindo o cidadão, a pessoa, não o jogador. O jogador pode ser bom, pode ser ruim, pode ser amarelo, pode ser preto, pode ser o que for, mas é a educação do cidadão. Isso aconteceu na Espanha, e foi esse fato que marcou. Fui jogar em Málaga, a torcida fazendo som de macaco, fui jogar em Madrid, a mesma coisa, fui jogar em Coruña, a mesma coisa. Só que eu nunca soltei: “Vamos fazer não sei o quê contra o racismo”. Racismo é todo dia, não é só com jogadores de futebol, é com qualquer cidadão. Infelizmente é assim. E o caso do apoio, foi que, no seu momento dentro da partida, fui chamado de “macaco” e “negro de merda”. Aí é um pouco complicado, né? Porque até me chamar de macaco, não vou nem… Agora, negro de… Aí dentro do calor do jogo e tal, teve aquele episódio, depois do jogo, já de cabeça fria, eu nem acabei fazendo nada, nem comentando sobre esse assunto. Mas são coisas que acontecem, infelizmente acontecem.

Como você vê isso? O que seus colegas pensavam? Quais foram as medidas da federação?

Da federação teve, e os companheiros falam também. Dentro desse esporte, hoje, dentro do campo você não pode falar praticamente nada. Sendo que a maioria dos jogos, você os jogadores todos com a mão na boca para conversar, porque hoje você tem umas cinquenta câmeras dentro do estádio. Antigamente não, era uma ou duas câmeras dentro do estádio, aí era pior. Acho que assim, o que acontece dentro de campo é dentro de campo. Claro, que o cara vai querer ofender, vai querer falar, vai não sei o quê. Hoje mudou muito essa coisa. Hoje você vê alguns casos que são tristes, mas você não vê muitos como antigamente, porque hoje a televisão está mais em cima, as pessoas estão pegando. Hoje tudo é visto, não adianta, hoje não tem como esconder nada. Eu acho que, não no esporte, mas em geral, dentro da educação do nosso país, isso é uma coisa que já deveria ter sido mudada há um trilhão de anos, porque, querendo ou não, o nosso país é um país negro, essa é a grande verdade. Só que em determinadas situações, tem pessoas pobres de espírito que acabam, de vez em quando, sendo indelicadas, mas é o que eu falo: tudo na vida você tem que ter um nível, um senso e uma autoestima boa e deixar a pessoa falar o que ela quiser. E de resto não tem problema, não.

Aqui no Brasil você chegou a enfrentar isso também?

Ah, você enfrenta, é que eu nunca levantei essa bandeira de “Fulano me chamou de…”. Você enfrenta, você tem, é normal, acontece, as pessoas falam, mas é um lance que eu não gosto de ficar polemizando, porque é um fato que existe, é um fato que tem. Não adianta falar: “A, B, C, D ou E me chamou disso, falou isso ou falou aquilo…”. Eu vivi dentro do futebol, eu vivi fora do futebol, e a vida segue.

Como você vê hoje esses casos recentes que ocorreram com outros jogadores? Você acha que vai mudar alguma coisa com relação a isso ou acha que é só temporária essa preocupação com essa situação da sociedade?

Bom, eu vou ser sincero com você: em minha opinião, não vai mudar, porque se fosse para mudar já teria mudado, essa é a verdade. Mas, hoje, estão muito mais em cima, as pessoas estão vendo mais, as pessoas estão tendo senso, mas desliga a câmera aqui, você vai ali, e o cara vai te ofender do mesmo jeito. Infelizmente é assim. Foi o que eu te falei: a questão é cultural, infelizmente, culturalmente nós somos um país ignorante. Dentro do futebol, dentro da política, dentro da religião, dentro de vários fatores. Isso está explícito para todo mundo ver, basta você ser um pouquinho inteligente que você saca algumas coisas, né? É notório.

Conte para gente então um pouco do seu retorno para o Brasil.

Bom, meu retorno para o Brasil foi assim: eu estava passando uma situação muito complicada na Espanha, porque tinha um cara que é um agente, e todas as transações que eu fiz, ele fez junto com meu pai. Esse cara acabou vindo trabalhar como diretor-geral do Zaragoza. Até então, sem nenhum problema, e eu entrava no meu último ano de contrato com o Zaragoza também. Na temporada anterior, eu fiz uns vinte e oito gols, acho, na temporada, e o Zaragoza subiu para a primeira. Eu recebi uma proposta para ir para o Qatar. Na verdade, vou ser sincero, eu não queria, envolvia muito dinheiro, mas eu não queria, meu coração falava que não. Eu recusei a proposta numa vez, os caras voltaram. Eu recusei a proposta na segunda vez, os caras voltaram. Na terceira vez, eu disse: “Tudo bem, eu aceito, eu vou embora”. Só que eu joguei um ano todo sem receber um centavo, porque eu e Ayala éramos os contratos mais altos que tinha, e para o presidente pagar o elenco, nós deixamos de receber esse ano para receber lá na frente, sendo que hoje que eu vou começar a receber. Então eu fiquei um ano sem receber, aí eu disse: “Tudo bem, eu saio, não vai ter problema nenhum”. São três anos lá no Qatar — na verdade, o Qatar não era o que é hoje. Falei: “São três anos no Qatar, minha independência financeira já está feita, eu vou, mas só que assim, o que eu abrir mão, com o valor que eles vão me pagar, vocês vão ter que me dar”. E eles não queriam me dar, e ficou esse impasse, esse impasse, e no final pum!, caiu, não deu negociação. Aí o que o presidente, esse cara, fez? Me afastaram, fui treinar afastado, na verdade, nem afastado fui, na verdade fui marginalizado, porque nem no clube eu podia ir, eu tinha que treinar sozinho na rua. São situações profissionais que aconteceram. E a janela ainda estava aberta, e eu treinava sozinho, fazia as coisas sozinho, e realmente surgiu interesse do Palmeiras, do Flamengo, do Fluminense e do Internacional. Tive algumas propostas para retornar ao futebol brasileiro. Eu não pensava em retornar ao Brasil naquele momento, e como ia acabar meu contrato, eu estava passando por algumas situações… Aí eu tive uma proposta para ir para o Betis, onde os clubes se acertaram, tudo, mas eu já não iria mesmo porque eu já estava fechado com o Palmeiras. Então acabei retornando para o Brasil. Fiz um bom contrato, vim para um grande clube. Na época, se eu fosse para o futebol carioca, para o Rio, ganharia mais dinheiro. Eu optei por voltar para casa, voltar para minha cidade, para estar perto de meus pais e, consequentemente, estar perto dos meus amigos. Naquele momento, o Palmeiras era um clube que estava muito carente de um ídolo, era um desafio, e como eu falei, eu gosto de desafios. Como eu fiz uma passagem muito boa pelo Corinthians, depois de dez, onze anos, retornar para o rival era uma oportunidade para eu voltar a jogar no Brasil. O Brasil está essa potencia que está hoje, com altos salários, jogadores renomados voltando, um campeonato muito equilibrado. Quando surgiu a oportunidade de vir para o Palmeiras, eu acabei escolhendo o Palmeiras pelo fator “São Paulo, casa, família”, foi por isso que eu aceitei. Aí fiz dois anos de contrato, sendo que acabei ficando um e aí fui embora para a Rússia.

Como foi, depois de tanto tempo no exterior, voltar ao Brasil?

Olha, é bom. Pelo lado pessoal é muito bom. Bom estar com mãe, pai… Meu pai mora em Goiânia, estar a uma hora e vinte do meu pai, estar com meus irmãos, estar com os meus sobrinhos, isso é maravilhoso. Mas o lado profissional não foi bom. Não foi muito bom porque, infelizmente, eu peguei um momento ruim do Palmeiras, um momento de transição, onde se trocou diretoria, trocou de treinador, no mínimo, umas três vezes no ano, não fizemos uma grande temporada. Querendo ou não, você chega aqui no Brasil, e o foco profissional acaba ficando um pouco de lado, porque você tem uma vida. Você vai viver outras coisas, porque eu vim aqui para o Brasil, com trinta dias de férias, eu fazia o que me desse vontade, não tinha o compromisso. Aqui não, você tem que treinar mais e jogar mais, as pessoas são mais exigentes, são chatas. Olha, aqui no Brasil é desgastante. Lá fora você tem, mas é mais comedida. Aqui é desgastante. Aqui você liga a tevê nove horas da manhã está falando de futebol, você liga a tevê às onze da manhã futebol, meio-dia futebol, você vai agora duas, três da tarde, futebol, à noite… Tem futebol o dia inteiro, você não vive, essa é a verdade. Treina de manhã, de tarde viaja e concentra, joga quarta, joga domingo, joga… Aqui você não para parceiro, você não vive, aqui, infelizmente, você não vive, você só trabalha.

E de estrutura de clube, o que você sentiu?

Eu saí muito novo, essa é a verdade. Eu saí treze, quatorze anos atrás. A estrutura era treinar na Fazendinha, era treinar em Itaquera, só tinha esses dois campos. Hoje você vê a potência que o Corinthians é. E eu acabei voltando para o Palmeiras, e vou falar para você: a estrutura do Palmeiras, de trabalho, ela é muito boa. Tem um bom CT, tem bons campos, tem bons profissionais trabalhando, é um clube que eu falo para todo mundo: o clube mais complicado que eu joguei na minha vida é o Palmeiras, mas estruturalmente é um clube muito bom para se trabalhar, muito bom. É que o futebol brasileiro se profissionalizou em algumas partes, e uma delas é essa aí. Eu joguei no Borussia, e o Borussia é uma baita potência, só que quando eu joguei no Borussia, a gente treinava só em um campo. Hoje, o centro de treinamento deles tem mais de dez campos. A sala de musculação a gente não tinha no clube, tinha que sair e fazer numa academia em frente ao clube. A estrutura dos clubes do Brasil é muito boa, que nem o caso do Atlético de Sorocaba, que a estrutura deles para trabalhar é muito boa, tem um centro de treinamento excelente, tem o próprio hotel deles, tem os campos bons, é uma estrutura boa para se trabalhar. Essa questão aqui no Brasil mudou muito.

Tem interferência dos dirigentes? Eles frequentam? Por exemplo, o Borussia interfere menos do que aqui no Brasil? Você tinha contato com eles?

Você tem, porque é o manager, né? Então ele está sempre por perto. É diferente daqui, do Brasil, mas em toda parte existe a política. Pode ser aqui no Brasil, pode ser na Inglaterra, em todo lugar, dentro do futebol tem. É hipocrisia alguém falar que não.

Tem essa diferença no vestiário mesmo? Vocês jogadores sentem isso, essa interferência? A gente tem essa sensação. Eu não frequento vestiário, mas eu tenho essa sensação de que parece que aqui tem uma interferência um pouco maior, dependendo do clube, e também no exterior.

Sim, concordo contigo. Porque em tudo é visado algo… Dinheiro, normal, é hipocrisia a gente falar que não existe. Existe, mas tem casos. Tem clubes que têm mais, clubes que têm menos. É difícil falar uma determinada situação, porque eu não estou vivenciando isso, então é difícil eu falar para você, mas que existe, todo mundo sabe que existe. Mas a parte do vestiário, ela é mais nossa, mais jogadores, mais comissão técnica, mas onde acontece é nos bastidores, é muito, muito, muito pesado.

Você falou um pouco dessa readaptação ao Brasil, dentro de clubes, como está o futebol aqui… Na sociedade, de modo geral, você teve que se readaptar ao Brasil depois de tanto tempo fora ou não?

Bom, para casa você não precisa se readaptar, você já sabe o que vai encontrar aqui, essa é a grande verdade. Eu não tenho problemas para me adaptar a situações, ainda bem, eu não tenho. A gente sabe, nós somos uma sociedade, infelizmente, mal-educada, temos um trânsito caótico, pessoas que não respeitam ninguém. Você vai em determinados lugares que a classe social muda o tratamento, se você é uma pessoa famosa é outro tratamento… São coisas que a gente sempre viveu dentro do Brasil, não tive muito o que me readaptar não. A grande verdade era me readaptar a uma forma de viver, ao dia a dia. No dia a dia você tem que se readaptar, normal, mas o que eu ia enfrentar aqui, eu já sabia.

Você sentia falta de alguma coisa da Espanha ou da Alemanha quando você voltou? Você falou: “Nossa, que saudade disso, daquilo…”?

Sim, das coisas boas. Todo mundo gosta de coisa boa, e eu não sou diferente, claro. Das boas amizades, dos bons momentos que eu passei, dos bons lugares que eu conheci, até da parte financeira, porque lá a gente ganha mais, vamos dizer assim. Foi o que eu falei: eu sou privilegiado. A qualquer momento, eu posso pegar e ir, eu não preciso olhar para trás. Eu posso ficar na Espanha, se eu quiser, um ano, dois anos, morando lá ou não. Eu sou privilegiado, então o que eu falo para você é: muda-se, mas é bom estar em casa. Mesmo com todos os problemas que temos aqui, com todas as diferenças sociais que temos, eu sempre falo para todo mundo: “O melhor lugar para se viver no mundo chama-se Brasil.” Aqui você tem tudo, lá fora não. Das coisas boas, claro, você sente saudade, mas estar em casa é bom, sendo que hoje, vou ser sincero, dificilmente vou falar que não, mas dificilmente quero ir jogar fora de novo. Olha, a parte financeira é boa, mas eu estou cansado de estar longe, de estar fora. Agora eu tenho um filho, meu filho tem dois anos, eu quero estar próximo dele, vivenciar ele crescer. Eu não tenho mais essa vontade de “Ah! Eu vou!”. Já passei, já fui, foi bom, foi muito bom, agora é só para passear mesmo, rever os amigos e contar um pouco de história.

Então conta para a gente, por favor, a história de você ir para Rússia. Como foi isso? Você disse que o Palmeiras não vivia um bom momento naquele ano.

O Palmeiras não vivia um bom momento. Eu fiquei o primeiro ano, e quando eu cheguei no dia quatro de janeiro, me chamaram para conversar. Devido ao meu alto salário, disseram que por eu ter passado pelo Corinthians, por ser corintiano, que não sou profissional, foi um casamento que não deu certo. Eu simplesmente saí, eu falei: “Tudo bem”, liguei para o meu pai, acionamos o advogado, fizemos um acordo, e aí fui para a praia. Apareceu essa oportunidade de ir para a Rússia, e acabei indo para Rússia, fiz um ano de contrato, mas também não aguentei ficar lá, porque meu time jogava na parte da Chechênia, e é complicado, e aí saí. Fiquei em Barcelona uns quinze dias e depois já fui para o Qatar também, e é a vida que segue. Foi assim que eu saí do Palmeiras para a Rússia. Chegar na Rússia, tudo novo, vida nova, sozinho, sozinho mesmo, viver numa cidade de cinco a sete mil habitantes, porque a gente morava a duas horas de Moscou, morava em Kislovodsk, uma cidade pequena. Quando tinha que ir jogar, nós saíamos de casa de dois a três dias antes, íamos de ônibus, esses ônibus normais que a gente vê circular, eram cinco horas de viagem para ir jogar; acabava o jogo, para voltar… Tudo isso era um sofrimento, mas a parte financeira era boa; perde-se muito, ganha-se muito, é a lei da vida. Foi uma experiência legal, gostei de ter ido para Rússia, foi bacana, foi totalmente diferente. Como sempre, fiz bons amigos, tenho amigos lá também, tenho que voltar para Moscou, uma cidade boa, um dia eu voltarei.

A Chechênia tem conflitos na região… Como foi lidar com isso naquela época?

Na minha época não teve conflito. Mas o que eles vivem é uma ditadura. É um país muito miserável, e o presidente muito rico. Então, a gente concentrava num hotel, a cinquenta metros à direita e cinquenta metros à esquerda os caras botavam uma barreira policial com fuzil, metralhadora e tudo. Com medo desses homens-bomba entrarem e explodirem o hotel, é complicado. Você saía para ir ao restaurante, que às vezes, a comida não era boa, e a gente ia ao restaurante japonês, e você via a cidade, todo mundo armado. Para chegar ao estádio tinha uma barreira de dois tanques de guerra, um de frente para o outro, você vivia uma ditadura. E você vai fazer o quê? Tem que trabalhar, jogar e respeitar. Acho que é assim, você respeitando, as pessoas te respeitam. Eu vi isso, eu vi muitas coisas diferentes… Presidente descendo no vestiário e falando: “Sai esse, esse e esse. Entram esses aqui.” Passava por cima de treinador. Vi treinador dar tapa na cara de jogador… Eu vi umas coisinhas aí pelo mundo, umas histórias bacanas para fazer um livro futuramente.

Você era o único estrangeiro na equipe? Havia outros brasileiros?

Tinha. Na verdade, de brasileiro estávamos eu, o Rodrigo Tiuí, o Maurício e o Antônio. Tinha mais dois africanos, tinha um belga… Tinha bastantes estrangeiros.

Vocês comentavam sobres essas situações que vocês viam na hora?

Sim, claro, é normal. Você vê e tem que comentar, mas você tem um contrato assinado, querendo ou não, financeiramente, é uma proposta que você não pode falar não. E você tem que viver. A parte financeira é importante, mas é o que menos interessa, porque você vai ter que viver ali naquele país, você vai ter que viver com aquelas pessoas, você vai ter que estar praticamente o dia inteiro com aquelas pessoas, é difícil. Fora a chuva, fora o frio, fora a neve, fora todos os outros ingredientes que vem aí e que ninguém fala nada. As pessoas só veem a parte financeira do negócio, você entendeu? É difícil, não é fácil, mas fiz bons amigos, vi coisas diferentes, vi coisas boas, vi coisas ruins… E se aprende, de tudo na vida se aprende alguma coisa.

Você ficou quanto tempo lá?

Na Rússia eu fiquei quase um ano, não chegou a ser um ano, não. Como meu filho já estava para nascer, eu pedi para eles — eu tinha mais um ano de contrato — a rescisão de contrato, porque eu não aguentava mais. Eu falei: “Meu, eu não aguento mais, não aguento mais…”

 

É tranquilo o presidente que ganhou?

Bom, eu não queria sair, não queria… Eu falei para ele que já não dava mais. Eu já não tinha mais cabeça, não tinha mais como estar ali, porque o que você vive é uma coisa de ditadura, eles queriam sair dessa cidade da Rússia e morar dentro da Chechênia, aí não dá… Imagina, a religião, eles são mulçumanos, é outra vida. Realmente, sem ter outro clube, sem ter outro contrato, eu preferi sair, porque a gota d’água para mim foi antes de vir para o Brasil, quando a gente treinou, e dois companheiros tiveram uma discussão, aí o treinador parou o treino e deu um tapa na cara de um, um tapa na cara do outro… Têm coisas que, eu vou ser sincero, nunca vi. Dinheiro é bom, é importante, mas a minha vida é mais importante, e agora tem meu filho… Eu falei: “Ah, não vou passar por esse tipo de coisa não…” Acabei rescindindo o contrato com eles.

E aí você volta para o Brasil e fica aqui?

Não, na verdade eu fiquei na Europa, fiquei em Barcelona, entre dez e quinze dias, e aí apareceu uma oportunidade de ir para o Qatar. Acabei indo para o Qatar também.

Como foi lá? Teve que começar tudo de novo?

Não, se adaptar no Qatar é muito fácil. Você vai viver à noite e dormir o dia inteiro, é o que tem, mais nada. Você vai chegar, conhecer a cidade, aquelas coisas vão te impressionar, porque Doha não é Dubai, Dubai é infinitamente melhor. Só que em dois, três dias, você já conheceu, porque lá não é o país, você vive na cidade, você para em Doha, é só Doha e acabou, então você já conheceu tudo. E tem o lance cultural, a religião deles é complicada. Porque nós estamos acostumados a ser profissionais, somos profissionais ao lidar com a pressão, eles não. Eu falo, jogar no Qatar são férias bem pagas, o que você menos vai fazer é jogar bola, porque acho que você não faz nada. Até na hora do treino atrapalha, então é complicado, porque tudo para eles é fazer oração, fazer oração, rezar, rezar… Você chega para treinar, como eles trabalham, eles não são profissionais, dá dez minutos de treino, os caras acabam o treino, aí você tem o dia inteiro. Eu fui morar lá, numa casa com seis, sete quartos, sozinho. É outra experiência, é outra coisa. Só entra se for a atual mulher, se for casado, se não for a mulher não entra, não dá para você levar um amigo… Não dá, é bem fechado mesmo.

Só tinha você de brasileiro lá?

No meu time só. Tem muitos brasileiros, mas no meu time só eu.

Como é segurar seu lado sozinho?

É tranquilo… Foi o que eu falei, eu sou tranquilo. Sou comunicativo, com eles eu falava inglês, mas o auxiliar técnico e o preparador físico eram portugueses então facilitou um pouquinho. Eu tinha contato com eles no clube, mas fora do clube não tinha muito, fiz dois, três amigos legais. Sempre estava em casa fazendo uma comida, um churrasco, tudo isso aí, é tranquilo. Só que o tempo lá não passa, porque é muito quente, você vive à noite e durante o dia não tem nada para fazer. Como se treina com cinquenta graus? Não dá, é complicado.

E como faz para fazer churrasco lá? Como consegue comida, essas coisas?

Olha, come-se bem, você acha de tudo. Quando eu cheguei, eu fui fazer meus exames médicos e acabei conhecendo uma colombiana, e logo quando eu cheguei eu falei para ela: “Nossa! Aqui é bonito…” Eu falando com ela em castelhano, e ela me falou uma coisa, e é verdade: “Aqui tudo é artificial, com o tempo você acaba ficando meio lelé das ideias!”. É verdade, porque você não faz nada, nada, nada… Dá para fazer um churrasco em casa, chamar os amigos — só em casa, fora de casa não. Até que tem uns restaurantes bons, não é de todo um ruim não. São experiências que você tem que viver, aprender, passar, fazer… Por isso que eu falei: eu não tinha a dimensão, não sabia onde ia chegar, não sabia o que ia passar. Eu tinha um sonho, que era ser jogador de futebol, e eu vou falar: nem por causa da parte financeira, eu nunca fui um cara de visar o dinheiro, claro que você visa quando vai fazer o contrato, mas sim por jogar. Meu pai gostava de futebol, me levava em estádio, eu cansei de vir aqui no Pacaembu ver jogos, desde molequinho. Meu pai sempre incentivou essa coisa, então eu não tinha dimensão que o futebol ia me proporcionar tanta experiência, tanta história de vida assim, para chegar, contar, conversar, ter aprendido, ter acertado, ter errado, ter visto, ter ido para outro país, ter sido reconhecido e voltar… Isso quem me proporcionou foi o futebol, então foi o que eu disse desde o começo: sou muito grato. Sempre joguei por prazer. Quando eu não tive prazer de jogar, eu fiz igual eu fiz ano passado: não joguei. Eu já não tinha prazer.

Tem prazer do que? Está cansando de ser jogador, como é que é?

Não é que está cansando. Cansa, claro, tudo cansa, mas hoje eu estou numa posição na minha vida que eu não vou me sujeitar a algumas situações, porque eu já vivenciei, já passei. Hoje, graças a Deus, eu sou uma pessoa que, aqui sentada, fala: “Eu não dependo do futebol, não preciso do futebol”. Eu só voltei a jogar esse ano por duas razões: a primeira, pelo meu filho, eu acho que seria injusto com ele não me ver jogar e não saber da minha história. Claro, ele vai saber da minha história, mas não me ver jogar. Eu tinha o sonho de um dia ter um filho e poder entrar com ele dentro de um campo de futebol, esse era meu sonho. A segunda é ter uma ocupação. É gostoso você acordar cedo, ir treinar, voltar, conversar. Essa coisa do dia a dia é bacana, entre os jogadores. O vestiário é uma coisa gostosa, e quando você não tem, você sente falta. Então foi por essa razão que eu voltei, sendo que tinha pessoas em dúvida por eu ter ficado um ano parado. Eu falei: “Não, fica tranquilo que eu estou bem ainda, dá para enganar uns dois, três aninhos aí, dá pra enganar.” Então eu fiquei sem jogar por isso. Não vejo futebol, essa é a verdade. Se a gente está conversando e está passando um jogo ali, eu vejo, agora em casa, botar e ficar vendo futebol, não boto, não vejo, não escuto, nada. Hoje eu procuro ter uma vida totalmente fora do futebol, porque eu já vivi muito isso, eu já vivi o outro lado de não estar nisso. Hoje voltei por essa razão, por gostar de jogar. Quando eu não estava jogando, fiquei um ano inteiro parado, toda quarta e sábado era sagrado. Tem lá o time dos amigos meus que jogam, eu ia lá jogar com os caras, com o maior prazer. Amanhã, nove horas da manhã eu já estou jogando, eu sou assim. Eu não paro, eu tenho prazer de jogar, mas as propostas que chegaram, para sair da minha casa, para ir para um lugar, para não receber, para ter stress… Porque eu vou chegar, e a cobrança é muito grande em cima de mim para pouco ganho. Não vale a pena, é melhor eu viver com meu filho do que abrir mão dele para ter encheção de saco. Então não vou. Hoje eu tenho isso bem organizado, bem claro.

Você pretende, com sua experiência, trabalhar com futebol ou não?

Não penso em ser treinador, obrigado, passo longe. Ser empresário, no meio do futebol, vamos ver… Não vou dizer que não, mas não gostaria, pode ser que amanhã… Mas eu não gostaria. Tenho minhas coisas paralelas ao futebol já, eu não acho que eu vou trabalhar no meio do futebol. Gosto muito, é legal, é bacana, mas justamente pelos bastidores, você saber o que envolve o futebol, você ser tratado como mercadoria, porque na verdade é assim, tratam a gente como mercadoria. Eu sou muito bom para as coisas, eu acho que eu não preciso te prejudicar por causa de dinheiro. Eu fui prejudicado, sei o quanto fui prejudicado, então não preciso te sacanear por causa de dinheiro. Infelizmente as pessoas não são assim. É uma coisa da minha educação, então eu tenho isso dentro da minha cabeça. É uma coisa que eu já venho pensando há muito tempo: não sei o que eu vou seguir, mas no meio do futebol hoje é um pouco difícil eu seguir. Pode ser que amanhã eu seja gerente de algum time, pode ser que amanhã aconteçam as coisas… Mas treinador, eu te garanto: nem a pau.

Por que, Ewerthon?

Porque eu já não tive vida, já não vivi. Já não tive sábado, domingo, feriado, não tive nada. Agora que eu posso começar ter uma vida, ter uma família, ter uma vida normal, eu vou me sujeitar a ficar em hotel, vou me sujeitar a ser xingado, me sujeitar a ser cobrado? Ah, não… Aqui passam dois, três jogos, e você é mandado embora. Já não tive vida e a minha personalidade para ser treinador é difícil. Então para não ter problema eu não tenho essa coisa de ser treinador. É uma coisa que eu sempre pensei: treinador não.

E fora do futebol, você tem alguma ideia, algum plano?

Fora do futebol eu tenho uma vida bem tranquila. Eu e meu pai temos uma construtora em Goiânia. Fazemos nossas coisas lá, porque como eu tenho essa vida louca de estar aqui, estar lá… Meu pai mora em Goiânia há muito tempo, então ele que toma conta lá, o ramo da construção é muito bom, porque a gente já tem um entendimento. Pode ser que eu continue aí com os anos ou, vou falar o que eu falo para todo mundo: “Vou viver. Vou viajar, vou para cima, vou para baixo, vou para lá, vou viver.” Já trabalhei bastante, já me sacrifiquei muito, agora, graças a Deus, quando jovem, Deus me deu essa vida para viver, me deu essa coisa de ser um cara privilegiado, porque eu sou privilegiado, eu falo em todas as áreas. Sei lá, não penso em botar loja, o caramba, ficar em shopping. Eu odeio shopping. É viver a vida, ver meu filho crescer, dar o de melhor para ele, fazer duas ou três coisas, ter uma renda legal e viver. Viajar, passear, conhecer, ver o meninão crescer aí e dar risada, só dar risada…

Que lições você tira de tudo isso, o balanço que você faz de tudo isso que você viveu?

O balanço que eu faço foi o que eu disse: eu sou uma pessoa privilegiada, vivi experiências muito boas, vivi experiências muito ruins, mas ser um ser humano bom, acho que isso que meus pais deram como base para nossa família. Você ser um ser humano bom, você ser uma pessoa boa, você não roubar, você não matar, você não usar drogas, você não fumar, eu acho que é isso. Acreditar muito, muito em Deus, em primeiro lugar, acima de tudo. Em um curto tempo da minha vida eu me sacrifiquei para minha família ter uma condição de vida muito melhor do que já tinha, e valeu a pena, valeu a pena. Não pensei que ia passar por tantas coisas como eu passei, aprender tantas coisas como aprendi e a vivenciar tantas coisas como vivenciei. Então esse é o balanço que eu tiro da minha vida: agradecer. Eu agradeço por tudo que aconteceu. Eu era um menino novo, daqui da Casa Verde Alta, que tinha um sonho: ser jogador de futebol para meu pai, jogar no time de coração dele, que era o Corinthians. Então tudo que eu quis, eu posso te dizer que eu consegui. Só tem uma coisa que eu não consegui dentro da minha vida profissional, que era jogar uma Copa do Mundo, isso eu não consegui, mas fora isso, o resto eu consegui. Sou um afortunado, sou um privilegiado. Minha mãe brinca que eu vim nessa vida de férias, que eu não tenho stress, então eu tenho só que dar risada, porque sou privilegiado. Na Terra, posso dizer, eu sou um dos poucos homens que tem tudo, faço aquilo que gosto, fui bem pago, consegui, não sou o cara mais famoso, mas ter fama, ter sucesso e o principal: evoluir como ser humano. Acho que isso é a melhor coisa que consegui ganhar de todas as experiências que eu passei. A mensagem que eu deixo é: nunca desistir dos teus sonhos. Essa é a melhor mensagem que eu posso passar, acreditar sempre nos sonhos, porque com fé e vontade, tudo se consegue.

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Bruno Jeuken Souza

Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo, pesquisador do NAP-Ludens, caipira e santista (graças a deus!).

Paulo Nascimento

Professor de História.

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