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Luciane de Castro (parte 2)

Equipe Ludopédio 29 de setembro de 2017

A jornalista Lu Castro tem sido uma das principais militantes em defesa do futebol de mulheres no Brasil. Roteirista e produtora, Lu Castro é colunista dos sites Ludopédio e Portal Vermelho, e tem sido uma das principais colaboradoras do Museu do Futebol para assuntos de futebol feminino.

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Lu Castro durante a entrevista. Foto: Victor Figols.

Tocando em outros assuntos vinculados ao futebol feminino, durante os Jogos Olímpicos Rio-2016, houve um certo frisson em torno da seleção brasileira e, especificamente, da Marta. Teve até o episódio do menino vestido com a camisa da seleção masculina que havia riscado o nome do Neymar e escrito Marta embaixo. Parte do desempenho no início da seleção masculina parece que colaborou para esse frisson. No entanto, quando a seleção feminina foi desclassificada e a masculina obteve a conquista inédita da medalha de ouro, parece que o discurso volta ao modelo tradicional. Em alguns momentos, parece que houve um despertar para o futebol feminino, só que isso tem um efeito muito pouco duradouro. Como você viu as Olimpíadas, a Marta? Existe uma “esquizofrenia” nos discursos? A que se deve esse frisson? Isso é passageiro?

Normalmente, é passageiro, né?! Eu acho que facilitou bastante trazer as meninas para perto porque os Jogos foram aqui. Eu fui ao Maracanã na semifinal contra a Suécia. Foi uma festa bem bonita feita pela torcida. Eu estava assistindo junto com a Rosana, que não foi convocada para as Olimpíadas em casa porque reclamou justamente da carteira. A carteira dela iria ser assinada, e não foi… Eu não me lembro se ela saiu na matéria da ESPN, mas sei que ela foi preterida. Andreia Suntaque foi preterida porque deu essa entrevista para a ESPN. A Gabriela Zanotti também. A Rosana, eu não tenho certeza. Enfim, ela ficou de fora das Olimpíadas.

Eu assisti a uma semifinal olímpica, no Maracanã, junto com uma atleta que deveria estar em campo. Para começar, ninguém sabia que a Rosana estava ao meu lado. Eu estava com a Rosana, medalhista! E o cara que estava atrás perguntando por que a Cristiane não entrava para jogar. Se ele acompanhasse o mínimo do que estava acontecendo com a seleção feminina nas Olimpíadas, ele saberia que a Cristiane estava lesionada e que vinha de tratamento. Ela seria colocada em um momento fundamental. Então, você já percebe a falta de informação aí. No futebol cotidiano, de clubes, todo mundo sabe quanto tempo o cara passou no DM, quanto tempo leva para se recuperar, quanto o clube… sabe tudo! Então, fica difícil de inserir essa cultura se você não tem essas informações circulando, infelizmente, nas mídias tradicionais, que é onde as pessoas se informam mais. Aí eu falo de Globo, que tem o maior alcance. Às vezes, as matérias que a Globo faz… Nem todas, é verdade. Eu vi algumas do Globo Esporte, que tem a produção do Maurício de Oliveira, falando das artilheiras do Santos e do Corinthians, e trataram o futebol feminino como tem de tratar.

Mas isso acontece desde sempre. É Olimpíada. Ahhh, Brasil! Bárbara fez defesas, fez um absurdo. Em momento algum, joguei a culpa nas costas das meninas por não ir à final. Porque eu já vinha observando um trabalho ali que não me agradava em nada. Tinha algumas convocações clubísticas. Apesar de o Marco Aurélio dizer que não tinha clubismo, para mim e para 90% das pessoas que acompanham o futebol feminino dava para ver que era clubista. Eu fiquei bem brava pela condução das coisas. Foram dois anos desde 2014 com investimento. E via o Vadão muito mais parado na beira do campo e mais o coordenador técnico treinando a seleção e se envolvendo com as outras seleções também. Então, foi um período que eu fiquei muito brava porque era a chance da Formiga ter conquistado uma medalha, no seu último ano de seleção, dentro de casa. E esse trabalho foi desperdiçado. Isso tudo para manter o homem, o homem, o homem… Que vinha do masculino, que nunca tinha passado pelo feminino e que não tinha a menor noção, a menor base para fazer o que fez.

“Ah, mas foi ótimo! Porque olha o uniforme que nós mudamos. Olha quanta gente!”. E a medalha? Me desculpa, mas nós precisamos de medalha. É fundamental que ela aconteça. E o trabalho que foi feito para se tentar uma medalha foi horroroso. Tão horroroso quanto o jogo no Itaquerão contra o Canadá. Que eu falei: “Eu não acredito no que estou vendo!”. E era comando. As meninas são aplicadas taticamente, são disciplinadas. O que é para fazer, elas fazem. Tanto fizeram o que foi solicitado que o jogo foi horrível. Foi um jogo horrível do Brasil… Então, tem uma série de coisas: a mídia, a imprensa que só circula no alternativo, uma gestão que ainda era focada na questão do técnico, do homem. Agora que mudou. Acho que tudo isso colaborou de certa maneira.

Aproveitando que você falou do comando da seleção feminina ser realizado por homens, a gente gostaria de pensar sobre a presença da mulher na estrutura futebolística em geral, incluindo aí a primeira técnica da seleção brasileira. Como você vê essa participação das mulheres ocupando os altos cargos no esporte? Essa presença feminina pode alterar esse quadro, transformar o futebol?

Olha, a gente percebe que as coisas estão começando a caminhar para o futebol feminino a partir do momento que as mulheres começaram a se designar para alguns cargos. Na área executiva, temos a primeira secretária-geral da FIFA. Tem a Moya Dodd ativíssima! Ela está percorrendo o mun-do in-tei-ro! Se tem mulher envolvida com futebol, a Moya Dodd está lá e está promovendo.

Vou dar o exemplo do futsal. Nós temos uma técnica, que é a Rafaela Nicoletti. Ela treinava as categorias de base do Americana, disputando a Taça São Paulo de Feminino de Base. E ela está hoje no comando das Leoas da Serra, em Santa Catarina, como técnica. Campeã, campeã, campeã, campeã, campeã… Uma coisa absurda. Faz diferença! Faz toda a diferença do mundo.

Você tem a Aline Pellegrino dentro da Federação Paulista coordenando o futebol feminino. A gente já teve o primeiro Campeonato Paulista de Futebol Feminino Sub-17. Então, você está começando a pensar na base. É uma coisa que a gente vem falando também faz tempo, porque aí acaba a Marta, a Cristiane, que é a nossa última geração, vamos dizer assim, e quem vem? Porque a gente já teve Sissi, Pretinha, Kátia Cilene, Formiga, que não dá nem pra falar por ser de todas essas gerações. E como nós vamos formar? Então, a Pellegrino na Federação está sendo fundamental. E ela é muito focada, é gente que gosta, que viveu, sabe o que vai ser melhor para a modalidade.

Não que não tenham homens que não convivam e não saibam o que é bom para a modalidade. Para mim, o Modesto Roma, do Santos, é um dos melhores exemplos. Ele ama a modalidade, faz o que pode para o futebol feminino ser bom. E ele fez isso no Vitória de Santo Antão, também. Tanto que o time do Vitória de Santo Antão se tornou a “menina dos olhos” lá em Pernambuco. O estádio vivia cheio para ver as meninas, e não os meninos do clube.

A mulher muda. Dentro do futebol feminino, ela muda. Porque está lá, viveu, veio disso. É lógico que precisa se preparar, estudar, se qualificar. Não é só dizer: “Eu joguei bola, eu sei tudo.”. Não, você precisa o mínimo para entender toda a estrutura, porque tem que lidar com gestão também. Não é só a parte técnica, fundamento, treinamento, físico, não.

A Emily, a comunidade comemorou demais. Quem gosta do futebol feminino e quer vê-lo crescer amou! Amou a notícia da Emily como a técnica da seleção brasileira. E ela não está só como técnica. Ela está cuidando e acompanhando a base sub-20, sub-17. Tem uma visão geral da coisa. Ela se cercou de bons profissionais para a comissão técnica dela. E a gente está vendo o resultado. No último amistoso do Brasil contra a Alemanha, eu não esperava outro resultado. Perdeu, mas por ser a Alemanha, e elas vêm trabalhando o futebol feminino diferente.

É viável pensar na presença de uma mulher no comando técnico de uma equipe masculina a curto prazo? Isso deveria estar na pauta, ser uma demanda no horizonte?

No mundo justo, no melhor dos mundos, não precisaria levantar esse tipo de bandeira. Se a pessoa provar a competência dela, ela assume a equipe. A gente já teve alguns casos lá fora. Não me recordo dos nomes, mas sei de duas mulheres comandando equipes masculinas. Eu não vejo problema disso acontecer. Eu só acho que a gente tem que primeiro cuidar do futebol onde as mulheres estão atuando. Vamos prestar atenção aqui. Se alguma mulher tiver pleiteando e conseguir, pô legal! Não é que a gente não vai dar importância. Tem tanta importância quanto, mas acho que a gente tem que focar dentro do futebol das mulheres. Essa é minha perspectiva agora.

Quando a gente tiver uma seleção… Tem seleções que a comissão todinha é feminina! A Alemanha tem a Steffi Jones, antes era a Silvia Neid. A Pia Sundhage com a Suécia e que esteve à frente dos Estados Unidos. Tem um monte de técnicas! E você vê que são seleções que estão sempre se destacando. Então, não pode ser uma coisa ruim, você vê que não é ruim. Às vezes, é só uma questão de poder, de não querer uma mulher lá: “Eu quero colocar meu amigo lá, porque ele foi muito bem com Matonense, em 1997.”. Sabe essas coisas? Aí você fala: “Ah, não!”… No caso da mulher, não acho que é o caso de: “Precisamos brigar por isso.”. Tem brigas mais importantes agora.

Vamos falar um pouco mais das questões política e de disputa de espaços. Há pouquíssimo tempo, tivemos o 1º Encontro Nacional de Mulheres de Arquibancada, no Museu do Futebol. O Ludopédio está acompanhando o que está acontecendo e a gente queria que você relatasse um pouco desse encontro. Quais foram as principais demandas das mulheres? Houve algum encaminhamento futuro? Além disso, soubemos que houve alguma tensão entre os membros de organizada dos gêneros masculino e feminino por conta de utilização e ordem das faixas. Você tem informações nesse sentido?

Eu vou ser honesta. Fui para o encontro representando o Futebol, Mídia e Democracia. A gente tinha meninas do FMD lá, mas por outros coletivos. Foi uma união de coletivos, o que é o maior barato. O que eu vi ali eu nunca imaginei que pudesse ver! Tan-ta mu-lher de ban-ca-da no mes-mo lu-gar. O encontro foi lindo… Convidaram os meninos das organizadas. Nesse momento do debate, eu não estava lá. Isso foi mais no final, e eu tinha que ir embora. O que eu vi das meninas falando no palco: “Ah, na minha torcida, os meninos deixam a gente ficar, soltar o bandeirão, tocar…”. “Ah, no nosso, os meninos não deixam.”. Até comentei com uma das meninas do coletivo: “Poxa, está vendo? É sempre a questão da permissão.”. Sempre a questão da permissão… Teve vários relatos de assédio. Por que não existe uma delegacia dentro dos estádios para atender demandas contra assédio, seja Lei Maria da Penha, seja alguma coisa nesse sentido?

Inclusive, levaram um rapaz de Düsseldorf para falar da situação das mulheres de arquibancada de lá. Não sei se teve problema na tradução ou se foi a fala dele mesmo, só sei que teve algumas coisas na fala dele que deixaram a mulherada indignada. A Giovana Capucim ainda levantou a questão, e ele respondeu: “Ah, não é interessante.”. Eu, que estava do outro lado, perguntei gritando: “Mas por quê?”. A tradutora não perguntou, e virou aquele pandemônio aquele auditório: “Por quê? Por quê? Por quê?”. “Vixi… – falei na hora – Não podia ter chamado esse cara.”. Deixasse quieto, né?! Eu sei que teve boa intenção, mas era muita mulher de bancada. E as meninas são porretas! Então, eu acompanhei até essa parte aí. Depois me foi encaminhado um documento. Por incrível que pareça, vergonhoso, eu não consegui ler esse documento até agora. Sei que teve várias proposições, que estão registradas.

Sei, também, que as meninas estão fazendo ações. As meninas da Gaviões, por exemplo, se juntam e vão distribuir leite. Elas estão fazendo ações assim, o que eu acho bem legal. Algo que poderia vir das organizadas como um todo, não somente das mulheres. Senão, fica aquele papo do “papel social da mulher”: “É a mulher que tem que cuidar…”. Sem querer, se reproduz isso. Então, não tem uma torcida envolvida, é o grupo das mulheres pensando no bem-estar das pessoas. E eu falo: a gente re-pro-duz… A gente reproduz… Não é uma crítica, mas a gente está preocupado em fazer o quê? E são as mulheres da bancada que cumprem esse papel e reproduzem o modelo clássico de assistência social, da suposta vocação para a maternidade… A primeira-dama trabalha com assistencialismo e assuntos derivados… Sem querer. Eu acho uma ação legal recolher roupa no frio, mas está cabendo somente às mulheres da bancada.

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Lu Castro gesticula durante a entrevista. Foto: Victor Figols.

Fomos provocados e vamos fazer mais uma provocação. Em nossa concepção, o futebol feminino ainda precisa ser alvo de uma pesquisa acadêmica rigorosa. Isso não quer dizer que não haja pesquisa acadêmica sobre futebol feminino. A gente conhece uma grande leva de pesquisadores e pesquisadoras que se dedicam ao tema. É uma história rica e que precisa ser recontada e analisada. Aí surge a questão da memória do jogo feminino, das heranças, das lutas e das conquistas das jogadoras veteranas, que parecem ocupar um lugar central. Tem uma questão bem latente que é o papel dos memoriais dos clubes e dos museus de futebol, especificamente, a respeito da construção e preservação dessa memória. As mulheres estão presentes nesses memoriais? Como que esses memoriais dos clubes retratam e reproduzem o papel das mulheres? E no caso específico do Museu do Futebol? O Museu tem a exposição permanente, tem as temporárias e tem inúmeros eventos como este que você acabou de citar. Como você tem acompanhado isso?

O Museu do Futebol é parceiro. Na verdade, a gente começou a falar bastante de futebol feminino no Museu por causa do Memofut. Em 2008, o Memofut começou a fazer as reuniões no Museu do Futebol, e o grupo me cobrava apresentação do futebol feminino: “Você é futebol feminino! Não vai falar nada sobre isso?”. Pensava: “Gente, como é que vou falar de futebol no meio de caras que sabem a escalação do Corinthians de 1932, de cabo a rabo? Como vou me comportar?”. Mas a gente conseguiu em uma reunião do Memofut, com o apoio do Museu, levar o Marcelo Teixeira, a Rose do Rio, que foi a primeira técnica de futebol no Brasil, o Dema, que morreu há pouco tempo, e a Silvia Securato, que lançou o livro “Nós, mulheres de futebol”. Foi a primeira ação, que ocorreu dentro de uma reunião do Memofut. Acho que ali o Museu começou a ver: “Pô, cadê as mulheres?”… Então, eu não tenho o que falar das ações do Museu. Tanto a exposição temporária quanto a permanente. Basta ver que eles colocaram Formiga e Marta na sala Anjos Barrocos. Que não pode ser mais lindo! Tem todo o caminho do Museu pontuado ali com a história. Tem pesquisa lá dentro. Então, o Museu é irretocável.

Memorial de clube. Vou ser honesta: nunca fui a um. Mas o que eu vejo? O site do São Paulo fez uma homenagem aos vinte anos do título do clube no Paulistana. Aquele time tinha Sissi, Kátia Cilene, Formiga, Emily Lima, Juliana Cabral, Grazi… A Grazi está em atividade, a Juliana Cabral não mais. Tem meninas novas, mas a Grazi é meio campo do Corinthians. O São Paulo fez uma homenagem, fez um e-book. Legal, mas dentro dos clubes… O Paulistana é um exemplo de que você deveria ter alguma coisa dentro do clube. A taça eu não sei se está dentro do Memorial do São Paulo. Até fui ver quanto estão cobrando para ir lá, mas não vou pagar o que estão pedindo. Está muito fora da realidade! Não vou!

Acho que precisa ser tratado no todo, pesquisa também. Eu dou muita entrevista para TCC. Vejo que tem mais gente fazendo pesquisa sobre futebol feminino. Brinco: “Uhu! Legal, venha mais! Não fique só na graduação, não. Pode ir adiante, fazer a pós, o mestrado, o doutorado. Eu não sou acadêmica, mas você pode ir lá, estudar, que eu dou o maior apoio.”… Tem documentários fruto de trabalho de conclusão de curso contando histórias. Então, estou vendo uma galera se mexer mais, é legal colocar isso. Estão se mobilizando para discutir, produzir mais…

Livros eu sinto falta. Poderia ter mais livros contando mais histórias, memórias, biografias… Tem pouca atleta biografada. Eu sei que vai sair a biografia da Michael Jackson. Faz tempo, faz anos, e eu não sei como é que está…

O que mais?… A área faz pesquisas, está envolvidona no momento. Eu fico vendo e falo: “Nossa, quanta coisa! Como que a gente vai chegar nisso?”. Todo mundo tem falado muito da proibição legal: “Fim da proibição!”. Mas espera aí: o fim da proibição não foi concessão. Foi concessão? Não, não foi. Alguém brigou por causa disso. Quem brigou? Ou simplesmente os caras falaram: “Ah, tá bom. Deixa as mulheres jogarem aí! Daqui que eu vou assinar.”. Mentira! Sempre foi assim: “Se puder manter as mulheres fora dos locais de diversão, é melhor. À mulher cabe ficar lá na casa dela, bem quietinha, bonitinha, de boquinha fechada.”. A mulherada que vem para o campo, não. Tem a história da Rose do Rio com Ruth Escobar, com faixa no meio da rua e dentro do Morumbi. Dentro do Morumbi, com faixa e festa. Foi conquista, não foi concessão. A gente tem que buscar um monte de parte da história, aprofundar pesquisa… Eu gosto de pesquisar, só estou sem tempo. Então, quando vejo alguém fazendo pesquisa, digo: “Vai lá! Pesquisa mesmo, traz para gente!”. Porque a gente precisa. Tem um monte de hiato na história.

Rapidamente, basta pegar o Santos. O Santos, em 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010, acabou a gestão Marcelo Teixeira e entrou o Laor, acabou. Acabou… “Sereias da Vila? Ah, não, muito caro!”. E eu sabia quanto era a folha salarial das Sereias, gente. Aquilo ali foi uma desculpa ridícula para acabar com futebol feminino no clube porque ele não gostava. Simples assim. Então, você não consegue nem manter rivalidade, não se constrói rivalidade no futebol feminino! Não tem cem anos de Saad e Radar como se tem cem anos de Corinthians e Palmeiras ou de Fla-Flu. Não se consegue construir nada a longo prazo porque é tudo fragmentado. Essa é a guerra, né!? Não deixar a coisa que essas lacunas apareçam mais, é dar continuidade.

A gente queria discutir com você nesta parte final futebol e política. Uma das coisas que a gente gostaria de ouvir você é sobre o que está acontecendo no ciclo de debates “Futebol, democracia, organização e inclusão social”, que é coordenado pela AGIR, Arquibancada Geral e Irrestrita, e por vários outros coletivos, e do qual você participou. Você esteve no primeiro evento. No segundo, estava numa mesa para discutir “Futebol e mídia”. Quais são suas considerações? O que está acontecendo nesse ciclo de debates?

Vamos lá. Isso é coisa do Flavio de Campos, né?! O professor Flavio é terrível… Ele me convidou, na verdade, para ajudar a organizar as plenárias. Ele chamou o Juca Kfouri e o Trajano, e eu fui participar como a parte da mulher no futebol. O que a gente quer? A gente quer discutir vários pontos do futebol brasileiro para construirmos um programa. Um futebol inclusivo é óbvio, um futebol transparente, um futebol para o povo, e não para meia-dúzia. Nesse primeiro encontro, era uma aula do Flavio com o Juca e o Trajano.

Na primeira plenária, a gente discutiu a gestão. Eu e a Giovana estávamos alinhadas de que estaríamos em todas as plenárias. Eu não contava estar em mesa, contava em participar e construir o debate. Aí o Flavio me chamou para estar na mesa da gestão para falar justamente do encontro da mulher da arquibancada. E eu havia falado alguma coisa em um dos textos da questão da utilização das arenas. A Copa do Brasil estava definida desde 2007. Em 2011, a gente já tinha a Copa do Mundo Feminina na Alemanha. Em 2012, a gente sabia que tinha Copa do Mundo em 2015 que ainda não tinha sido pleiteada a sede. O Brasil não fez nada para aproveitar a infraestrutura de 2014 para trazer uma Copa do Mundo Feminina em 2015. Pode pensar que não, mas movimenta. E ainda teríamos Rio-2016 na sequência, anos para aproveitar isso. Então, é ter um futebol brasileiro que se preocupe em pensar a gestão de todos os eventos com o feminino também, e nos mesmos espaços. Utilizar esses espaços!

Participei da mesa, a gente discutiu isso e algumas proposições foram levantadas também. Isso tem um documento, mas está na página também do “Futebol, democracia, organização e inclusão social”. Depois na segunda plenária, vou falar sobre futebol e mídia. Fui mais para dar o exemplo do papel da mídia alternativa com o futebol feminino. Isso não é só no Brasil. Na Europa, em alguns campeonatos, eles se organizam para transmitir via internet, alcançam um público maior e fazem com que tenha muito mais gente conhecendo jogadoras francesas, alemãs, suecas… O que a gente tem aqui que a gente pode usar para levar o futebol feminino para mais gente? A internet. “Ah, mas tem gente que não tem internet.”. Ok, a gente precisava ter uma internet com alcance em território nacional como uma Globo, um SBT, uma mídia dominante. Mas a gente não tem isso.

Vamos construir mesmo assim. Um exemplo: teve o Atletiba via YouTube. Como a gente faz para acabar com o jogo 10 da noite? Essa é uma das campanhas deste ciclo. Levantamos isso, levantamos as cotas, como elas são divididas e como causam um abismo entre os clubes. Tudo que foi a respeito da mídia a gente levantou. Isso aconteceu no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, no centro de São Paulo. A gente trouxe o Zeca Marques, da UNESP de Bauru para cá, foi fantástico. O Trajano estava na mesa. Ele falou daquele jeito: “Quem disse que só passa futebol é mentira! Passa um monte de coisa de esporte na televisão.”. Aí você começa a observar e diz: “Ele tem razão.”. Tem canal passando muito mais coisa do que futebol, né?!

Foram esses os temas, o que a gente levantou. As proposições estão no site. A terceira plenária ficou para o fim de agosto, dia 29. Falta definir o nome. A gente está construindo nessas plenárias todo um programa que consideramos ideal para a gestão e para a manutenção do futebol brasileiro. Essa é a ideia.

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Lu Castro é uma militante do futebol feminino. Foto: Victor Figols.

Temos mais duas perguntas sobre futebol e política. Primeiro, a questão do Pacaembu. Uma vez inaugurado o estádio do Corinthians, o Pacaembu ficou mais ocioso. O atual prefeito de São Paulo, João Doria, tem uma campanha de privatizar o Pacaembu. Ao mesmo tempo, houve uma demanda para que o estádio fosse usado como palco do futebol feminino. Como você analisa essas propostas?

Bom, eu “adoro” o prefeito… Eu não consigo entender como caíram nessa ideia de ele ser “político”, “gestor”, mas estar terceirizando toda a gestão que deveria ser dele. É uma coisa interessante. O Pacaembu acho que tem que ter barulho. O Pacaembu não pode ser mexido! Porque ele vai mexer. Não é só um espaço, o Pacaembu é história. Tem história! Eu não vi, mas queria ter visto o Canhoteiro, o Leônidas… Eles jogaram lá. Falar no Pacaembu até me dá nos nervos, porque a gente deveria causar muito problema para ele. Muito, muito, muito… Baderna. Não pode deixar ele privatizar. O Pacaembu está ocioso, mas não pode ficar ocioso.

Vou dar um exemplo: final de Campeonato Brasileiro. Temos duas equipes paulistas disputando a final, Santos e Corinthians. O Santos leva público para o Pacaembu. O Corinthians também leva. O Palmeiras leva. O São Paulo acho que deve levar também, mas não tanto. Eu questionei por que na final do feminino não foi utilizado o Pacaembu. Tudo bem, o povo de Santos quer ver a final. A cidade de Santos acompanha as meninas, mas por que o Corinthians não utiliza o Pacaembu para a final? A resposta: “A porque quem abrigou as meninas foi a Arena Barueri.”. Gente, não é uma questão agora de ficar agradecidos. Veja: jogo às 16h00, numa quarta-feira, na Arena Barueri, em uma final de Brasileiro entre Corinthians e Santos. Vamos falar das camisas? Era Corinthians e Santos. No mínimo, tinha que ser no Pacaembu! No mínimo! Aí mudaram para quinta-feira, às 18h00. A torcida do Corinthians iria ao Pacaembu muito mais do que foi na Arena Barueri. Fora a truculência da polícia que me falaram lá em Barueri, uma coisa horrorosa, absurda.

O Pacaembu deveria ser utilizado ao longo de uma competição, não apenas em final. É um campo bom. Eu ouvi até a seguinte desculpa: “Elas não estão acostumadas a jogar no Pacaembu.”. Quando ouvi isso, falei: “Para! Por favor, menos. Já vi final de Paulista e mais da metade das meninas de Corinthians e Santos já jogaram no estádio. Várias vezes!”. Então, isso não é desculpa, a gente precisa fazer ações. Eu imagino que tenha gastos, tem a manutenção… Adoro o Pacaembu, acho lindo. Privatizar? “Ah, vai ser uma concessão.”. A gente sabe como é que vai virar depois. Vai virar shopping… Não pode mexer em nada lá, é tombado. Ao mesmo tempo, com esse argumento de ser tombado, o Maracanã também era, não era? E os caras passaram por cima, não estão nem aí. A gente está vivendo isso em lei mesmo. Em relação a isso, eu estou bem cética.

Como que a gente vai passar por cima dessa decisão doriana? Fica difícil. Mas eu acho que a gente tem que ocupar. Está rolando o Paulista ainda, provavelmente a final vai ser no Pacaembu. A não ser que alguém que vá para a final diga: “Ah, quero usar o meu campo, fazer valer meu mando de campo, porque aí tenho alguma possibilidade, a torcida…”. Mas aí acho que a gente tem que fazer pressão do lado de fora também. Através dos contatos, a Aline Pellegrino, por exemplo, falar: “Ó, Pelle, o Pacaembu! Vamos dar uma força para que seja no Pacaembu.”. Ou: “Aí, Emily, dá uma força aí para que ocorra no Pacaembu.”. Temos que pegar as mulheres que estão ocupando alguns espaços agora para falar; e a gente, que está acostumado a escrever, falar sempre com crítica, algo que somos obrigados a fazer com mais ênfase, estar lá batendo nesse sentido também. Acho que todo mundo tinha que fazer uma baderna.

A Aira Bonfim, do Museu do Futebol, chamou a Arena Amazonas de “a casa do futebol feminino”, pois recentemente o Iranduba levou 25 mil pessoas para o jogo da semifinal do Brasileiro, a seleção já fez alguns jogos em Manaus e levou bastante gente também…

É, eu acho bem interessante. Vamos colocar assim: O que tem de futebol na Amazônia? A Arena tinha que ter algum uso lá. Eu nem sei se está rolando ainda o Peladão, na Amazônia, de futebol de várzea, mas ele é excelente. Se a gente fala de centro de futebol, sabe o que acontece. O futebol feminino se desenvolve principalmente aqui, isso é fato. Então, acho ótimo o que está acontecendo lá, porque é uma atividade que está chamando o povo para acompanhar. Pô, tem as meninas do Iranduba que estão jogando bem, que estão levando gente ao estádio, mas daí para falar que é “a casa do futebol feminino”… É mais uma das “casas” do futebol feminino. “Ah, mas foi recorde de público.”. Foi recorde de público em Arena. Em estádio, já tivemos públicos maiores acompanhando futebol feminino. Então, a gente tem que colocar dentro de um contexto. O que é o Iranduba hoje na Amazônia, em Manaus? É um clube que tem as meninas jogando um futebol legal, que está organizado e que todo mundo quer ver. Se a gente faz alguma coisa aqui nesse sentido, eu tenho certeza que também dá para acontecer.

A final do Brasileiro era para ser no Pacaembu! Não era para ser na Arena Barueri. Não era! Mas o Corinthians, o clube, ou a parceria, não fez nenhum esforço. O Corinthians poderia muito bem falar: “Na hora que chegamos à final, é o Corinthians! Vamos fazer no Pacaembu! Ou vamos fazer na Arena!”. Então, acho que se isentou… Posso estar falando besteira, mas hipoteticamente: “Ah, perdemos de 2 a 0 para o Santos e não vamos conseguir recuperar.”. Daí, talvez tenha pensado: “Ah, vamos mandar lá na Arena Barueri mesmo.”. Ainda assim, a torcida corinthiana que foi apoiou. Então, eu tenho certeza de que se tivesse sido no Pacaembu…

Os torcedores, em jogos de times de camisa, estão ficando de saco cheio com o modo como os jogadores estão jogando. “Pô, está dando raiva de ver esses caras jogar! As meninas estão jogando mais!”. É bem por aí! As meninas da Portuguesa foram para a final do Brasileirão, da Série A2, já subiram para a A1. Está melhor que o time masculino da Lusa! “Ah, mas não tem comparação.”. Lógico que não, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, mas está aí, está caminhando… Está caminhando bem, melhor do que o masculino. Temos que mostrar e falar que o futebol feminino tem umas coisas bem legais. Os homens é que não estão sabendo olhar. Então, pô!, levasse a final para o Pacaembu, para a Arena… Sobretudo, para o Pacaembu, que eu sou super a favor.

Em maio deste ano teve a final da Champions League masculina, dois dias teve a final feminina, ambos no mesmo estádio e com a mesma capacidade. O ingresso para a final feminina estava superbarata, a 20,00, e a masculino, esgotada, chegando a €9.000,00. Ao mesmo tempo, a Champions League masculina tinha uma concorrência enorme para a transmissão televisiva, e a feminina passou na SporTV2, sem muita regulação, passando no YouTube. A gente gostaria que você comentasse essa discrepância entre o futebol masculino e feminino, tanto em termos de infraestrutura quanto de mídia.

E olhe que você tem uma Champions League feminina que é superbem trabalhada! Na final, tinha duas brasileiras: uma era a Formiga, a outra, Cristiane. A final foi francesa, entre Lyon e Paris Saint Germain. Ainda assim, você tem um trabalho fantástico da UEFA com o futebol feminino. Então, veja que essa coisa de acompanhar não é um problema exclusivo do Brasil. Existe uma resistência ainda por parte do público que acompanha o futebol masculino. Eu não estou falando só de homens, estou falando de público, de homens e de mulheres que consomem o futebol. Eu já cansei de ouvir mulher falando que acha o futebol feminino “horroroso”, com “um monte de machinho”. Eu ouvi isso de mulher, várias vezes. Eu gosto de futebol, não estou ali para olhar para a menina, se ela é bonita, se ela é feia, a mesma coisa com os homens. Então, esse é um problema mundial.

E ainda tem às vezes transmissões pela internet que bombam. Está rolando a Euro feminina, e o SporTV está passando. Eles estão passando a Euro, mas não estão passando o Paulista… Como assim? A gente ainda está valorizando e criando um público, essa garotada mais nova, que gosta de Barça, Real Madrid, Manchester City, United. Estão começando a criar um caminho, enquanto transmissão, com o feminino assim também. Dá-se pouca importância para o futebol feminino daqui. Lá fora deve ser a mesma coisa. Tem gente da Europa que nem procura o que se passa lá, porque quer saber como faz para acompanhar o Campeonato Brasileiro, o Campeonato Paulista: “Por favor, Lu, me dá um link para eu poder acompanhar.”. Eu acho isso muito interessante. Enquanto nós estamos interessados em ver a Euro – é lógico que tem que acompanhar –, eles querem ver o que se passa aqui.

Como você vê esse caminho se trilhando, uma vez que o futebol de espetáculo é o grande produto para se vender para a televisão? A UEFA está investindo muito dinheiro no futebol feminino para tentar fazer do feminino um produto muito forte para vender.

O Barcelona também. Está com a Andressa Alves, e a Fabiana Simões, a lateral, vai passar por exames para ver se vai para lá também. É o nome: Barcelona, Messi… Você constrói o nome, atrai o público. Aqui não é feito um trabalho assim. E olha que eu não sou muito a favor desse negócio de espetacularizar. Ah, vamos falar do futebol, está faltando estádio, está faltando ir acompanhar um time, pegar as filhas e ir para uma várzea. É o que eu faço com minhas filhas. Tem um monte de competição de várzea. Falta formação.

E a gente está indo para esse mesmo caminho do que é de fora: “Ah, o que é de fora é legal!”. Não que eu esteja achando ruim a SporTV passar a Euro ou final de Champions feminina. Não é nada disso, mas eu acho que tem também bastante coisa para mostrar daqui. E às vezes eu vejo jogo ruim lá de fora, mas ninguém abre a boca para falar. A postura é outra. Se é um jogo de futebol feminino brasileiro e é ruim, as pessoas malham, e malham feio! O melhor lugar para você constatar isso é a internet. Aí você começa a olhar aquele monte de bobagem que se escreve… O futebol de espetáculo é um caminho que eu acho natural embora não me agrade.

Acho que a gente tinha que valorizar, fundamentalmente, o que está acontecendo aqui dentro. Isso faria com que as pessoas conhecessem quem é cada jogadora, com que perna que ela chuta, se é destra ou canhota, saber que antes de ela jogar na lateral ela jogava no meio de campo… É impressionante como as pessoas não conhecem! Tem um monte de atleta que não é de ofício. É a coisa mais rara. A maioria acaba sendo improvisada dentro de campo. É o nosso futebol feminino…

Tem algo que você gostaria de falar que a gente não perguntou e que é importante?

Nossa, falamos um monte de coisa, né?!… Vou falar de uma coisa que acho importante, sobre a qual também escrevi e que nunca é demais falar. E vou relacionar com uma notícia boa: a gente vai ter a Copa da Paz, que é futebol feminino de várzea, em que vão participar vários times. Isso é uma coisa que eu sempre considerei muito importante a partir da observação que fiz sobre o embranquecimento da seleção feminina. Quando você começa a olhar que a seleção feminina está ficando branquinha, aí você fala: “Uhmmm… o padrão das meninas…”. Não tem nada a ver com o que eu acabei de criticar, que “não pode” ser bonita. Não se trata disso. Eu quero deixar bem claro. “Pode ser bonita?”. Pode ser qualquer coisa, nós estamos falando de futebol. Mas a gente está vendo um padrão de poucas meninas negras na seleção.

E eu acho que temos muito talento nas quebradas que não aparecem. Nesse sentido, o que poderia ser uma das funções dos times de várzea é chamar as meninas da sua comunidade para colocar uma camisa nelas e elas também terem o direito de ocupar o terrão. Só que a gente sabe que também tem problema nisso. Pode ser centralizado, pode ser nas periferias, a cultura machista ainda é pesadíssima. Com isso, fiquei muito feliz que a gente vai ter uma copa de futebol feminino de várzea. É o que eu penso que dá para fazer: um recorte básico nos revela que a população negra periférica é muito maior. Então, essa é uma chance de a gente trazer as nossas mulheres negras que sempre jogaram muito futebol para o protagonismo também.

Se você olhar para toda a seleção brasileira, tem a Formiga como negra, a Bárbara também e a Luciana que foi a goleira em 2015 na Copa do Mundo. Agora, em um dos amistosos, a Emily convocou a Ludmila, que fez um gol quando a goleira da Alemanha deu uma vacilada. Mas a gente não tem mais… Se pegar a primeira formação, você vê como tinha negras jogando, porque elas vinham de outros espaços, outros lugares. Agora não. Então, a gente precisa retomar o que é a seleção brasileira. A seleção brasileira não são só brancas de cabelo liso. É isso o que quero deixar claro. Nós temos toda uma variedade, toda uma miscigenação, toda uma representação, e eu acho que isso tem que ser respeitado. De repente, essa copa de que falei, se acontecer mais vezes, se as periferias começarem a produzir mais competições, vai ser um negócio legal para a gente observar mais meninas e trazê-las para o alto rendimento.

Última pergunta: O que é futebol para você?

O que é futebol? Ah, vai ficar até meio clichê, mas futebol é minha vida. Nasci com o futebol, tenho a família futebolista desde os meus avós, minha casa vive Majestoso, porque meu pai é são-paulino e minha mãe, corinthiana. Futebol é a hora que eu levanto quando coloco no Redação SporTV, depois na hora do almoço com as papagaiadas de Denílson e Renata Fan, que minha mãe adora, depois tem jogo… Enfim, é futebol. E eu sou muito feliz porque hoje eu vivo a minha vida em razão do futebol, seja escrevendo, seja produzindo cultura. É minha vida, é clichê, mas é isso. Muito obrigada.

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